Razões do Blog


Este blog foi criado para apoiar a candidatura de José Serra à presidência do Brasil, por entendermos ser o candidato mais preparado, em todos os aspectos pessoais, políticos e administrativos. Infelizmente o governo assistencialista de Lula e a sua grande popularidade elegeram Dilma Rousseff.
Como discordamos totalmente da ideologia e dos métodos do PT, calcados em estatismo, corporativismo, aparelhamento, autoritarismo, corrupção, etc., o blog passou a ser um veículo de oposição ao governo petista. Sugestões e comentários poderão ser enviados para o email pblcefor@yahoo.com.br .

sábado, 26 de dezembro de 2009

Êxitos do governo Lula são consequentes


ARTIGO

O artifício plebiscitário

As pesquisas, sobretudo quando o seu objeto está distante de uma definição – caso das próximas eleições -, costumam ser inconsistentes e provisórias.
São mais ou menos como o que o falecido Magalhães Pinto dizia da própria política, comparando-a às nuvens, que a cada momento assumem desenho diverso.
Faltam dez meses para as próximas eleições presidenciais e a campanha, oficialmente, nem começou, embora seja de uns meses para cá o tema predominante entre os políticos.
O público, porém, não está ainda motivado para o assunto. Mal conhece os candidatos.
Portanto, tudo o que até aqui as pesquisas têm informado é muito pouco para autorizar profecias.
Basta lembrar que, nas eleições de 1989, o vencedor, Fernando Collor de Mello, só começou a figurar entre os primeiros quando a campanha já estava avançada.
No início, era apenas um traço nas avaliações dos institutos.
O que se pode especular, pela última pesquisa do Datafolha, é que a tendência plebiscitária, pretendida pelo governo, já se esboça.
Dilma Roussef cresceu, sem que seu oponente principal, José Serra, tenha perdido espaço.
Caíram os demais – Ciro Gomes e Marina Silva. Como não há propriamente embate ideológico, já que todos os candidatos colocam-se à esquerda, o que se pretende é opor dois personagens que não estão na disputa, Fernando Henrique Cardoso e Lula.
Dois governos que, em vez de se opor, são na verdade continuidade de um mesmo roteiro.

O governo Lula, no entanto, quer mostrar-se como o da ruptura, o que, pela primeira vez na história do país, teria colocado o povo no centro da cena, em contraponto ao anterior, que teria privilegiado as elites.
A tese não resiste a um exame superficial.
O governo Lula manteve o modelo econômico do anterior e expandiu programas sociais que já estavam em curso no governo FHC, caso do Bolsa Família, que integrava o programa assistencialista Rede de Solidariedade, concebido e comandado por Ruth Cardoso.
Foi, inclusive, uma iniciativa tomada já com o primeiro mandato de Lula em curso. O projeto social do governo Lula, no início, era o Fome Zero, anunciado com alarde já no discurso de posse.
Mas não deu certo, o que fez com que o governo ressuscitasse o Bolsa Educação e o agregasse às outras bolsas que vigoraram anteriormente (bolsa-gás, bolsa-transporte etc.) e as agregasse sob o rótulo único de Bolsa Família, expandindo-a.
Na economia, embora critique as privatizações, o governo Lula é beneficiário dos resultados por elas proporcionados, sendo a telefonia a mais notória de todas.
A universalização dos seus benefícios consta hoje de todas as propagandas governistas.
A evidência maior da continuidade está mesmo na economia, em que, para presidir o Banco Central, foi chamado o deputado tucano Henrique Meirelles, que renunciou ao mandato para assumir o comando da política monetária.
Entrou em rota de colisão com o PT, que pretendia subjugá-la às políticas sociais.
Lula, porém, bancou Meirelles – isto é, a política monetária dos tucanos - e esse tem sido o seu mérito maior, reconhecido pelos próprios adversários. Todas as análises que se fazem no exterior do êxito do governo Lula ressaltam a continuidade que deu às políticas decorrentes do Plano Real.
São análises eminentemente técnicas, que desprezam o embate político-partidário e atêm-se aos dados objetivos da realidade.
Marina Silva tem mencionado esse aspecto continuísta de ambos os governos, ao criticar a tendência plebiscitária que Lula e Dilma querem dar à campanha. PSDB e PT – e Fernando Henrique enfatiza sempre isso – são partidos convergentes. Só os separa a ambição de poder.

A luta por cargos. Não fosse isso, estariam juntos desde a primeira eleição direta. Mas São Paulo, base maior de ambos, os separa.
Essa divergência pontual os empurra para alianças contraditórias e, frequentemente, espúrias.
O PSDB aliou-se ao DEM e ao PMDB para governar, enquanto Lula, em busca da mesma governabilidade, alia-se ao mesmo PMDB, além de partidos periféricos, como PP, PR e PTB.
Se tivessem se aliado desde o princípio, a história teria sido outra.
Hoje, porém, a divisão é irreversível, com prejuízos irremediáveis para a própria qualidade da política que se pratica no Brasil.
Quem quer que se eleja – e isso não é profecia - terá que recorrer à mesma periferia fisiológica que gravita em torno dos dois principais partidos brasileiros, comprometendo na origem o governo que vier a se instalar.
O artifício plebiscitário não muda essa realidade e sugere que as eleições não irão alterar o padrão fisiológico que tem marcado as administrações deste período democrático da história do Brasil.
Pior para a democracia. Pior para o Brasil.

Ruy Fabiano é jornalista

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