A criação de Dilma
Bruno Figueiredo/AE

Foi um ano de duras batalhas para a ex-guerrilheira Dilma Rousseff. A maior de todas, um câncer no sistema linfático, foi enfrentada com dignidade e vencida com bravura. Em setembro, depois de cinco meses de tratamento, a ministra veio a público anunciar que estava curada. Menos definitivo foi o resultado de seu embate com a ex-secretária da Receita Lina Vieira em torno de um encontro de desdobramentos suspeitos cuja existência ela nega e a ex-secretária reitera. Palavra contra palavra, ficou por isso mesmo, e Dilma encerrou 2009 inteira e sacudindo a poeira. Como o Adão de Michelangelo, sua candidatura à Presidência veio do nada e materializou-se por obra e graça de um dedo (que, nesse caso, não era divino, mas quase). A natureza do processo suscitou a dúvida: a mágica do criador incluiria a capacidade de transferir votos para a criatura? Dois anos e muitas viagens, inaugurações e palanques conjuntos depois, Dilma patina nas pesquisas. Assim, a dúvida que atormenta os petistas passou a ser outra: com a tonitruante popularidade presidencial, a ministra – praticamente uma reencarnação de Lula, segundo a propaganda do PT – não deveria estar em situação bem mais confortável? Dilma já se mostrou boa de batalhas. 2010 será o ano da guerra.

Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.