''Exilado'' no PSDB, Alckmin reage ao fogo amigo e busca se fortalecer
Secretário de Serra foi convencido de que precisa agir rápido para firmar candidatura ao governo de São Paulo
ESP 11/10/09
Julia Duailibi e Vera Rosa 

Alvo de fogo amigo no ninho tucano, o pré-candidato do PSDB ao governo paulista Geraldo Alckmin decidiu mudar a estratégia de campanha ao Palácio dos Bandeirantes. Mantido numa espécie de exílio político, o secretário estadual de Desenvolvimento, líder das pesquisas de intenção de voto em São Paulo, trabalha agora para se reaproximar do PSDB, diminuir a resistência interna e consolidar seu nome na corrida, com a chancela do governador José Serra.
Aliados de Alckmin identificaram adversários, principalmente no DEM, que tentam "vender" sua imagem como a de um homem isolado. Tudo com o objetivo de amarrar o PSDB ao secretário-chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, outro postulante à cadeira de Serra. Munido desse diagnóstico, o ex-governador foi convencido de que é preciso agir rápido para neutralizar o bombardeio na seara tucana.
De temperamento discreto e sem tino para articulação política, Alckmin entrou na operação para fortalecer seu nome. "Estou saindo do período sabático, mas continuo na fase paz e amor", anunciou. Apesar de contar com até 60% das intenções de voto, segundo pesquisas contratadas pelo partido, ele coleciona desafetos no PSDB e seu relacionamento com Serra, candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é apenas protocolar.
Disposto a mostrar serviço, Alckmin atuou pessoalmente, nas últimas semanas, para levar filiados ao PSDB. Foram 12 adesões que renderão candidatos a deputados federal e estadual. Além disso, ele tentou organizar reunião com a bancada paulista do PSDB na Câmara. Foi desaconselhado, sob o argumento de que ali prevalece o racha. Passou, então, a chamar parlamentares para conversas em seu escritório. A todos apresenta o mesmo script: uma dúzia de pesquisas, feitas por prefeitos, nas quais desponta como favorito na disputa.
Numa sinalização bem recebida por alckmistas, Serra delegou ao ex-governador a tarefa de representá-lo na filiação da deputada Rita Camata (ex-PMDB) ao PSDB, no último dia 30. Alckmin deixou a discrição de lado e desembarcou em Vitória (ES) acompanhado de oito deputados paulistas, que formam sua "tropa de choque".
O secretário de Serra sofreu dois revezes, nas últimas semanas, que o ajudaram a sair da toca: o desembarque do PSDB de seu afilhado político Gabriel Chalita - vereador mais votado do País, que migrou para o PSB - e a filiação do deputado Geraldo Vinholi, ex-PDT, costurada à sua revelia. O parlamentar, que operou na Assembleia Legislativa contra Alckmin, quando ele era governador, chegou ao PSDB dizendo se identificar "com Serra e Aloysio". Alckmin se sentiu desrespeitado.
LULÉCIO - DILMIN
Ele também ficou bastante irritado ao perceber o movimento pró-Aloysio organizado com o apoio do DEM. A temperatura entre "alckmistas" e "aloysistas" subiu tanto nos últimos meses que adversários dos tucanos já apostavam, em tom de galhofa, em comitês conjuntos entre Dilma Rousseff, candidata do PT à sucessão de Lula, e Geraldo Alckmin, em 2010.
A distorção, batizada de "Dilmin", foi inspirada na eleição de 2006, quando apareceram em Minas os comitês "Lulécio", numa referência a Lula - então candidato à reeleição - e ao governador Aécio Neves, que também concorria ao segundo mandato. Aliados de Alckmin chegaram a identificar uma assessora do Palácio dos Bandeirantes que, ao marcar cerimônias do governo, pedia aos prefeitos apoio a Aloysio.
Empenhado em desfazer a imagem de político que cria atritos - em 2006 ele desafiou Serra e saiu candidato à Presidência e, no ano passado, disputou a eleição contra o prefeito Gilberto Kassab (DEM), aborrecendo o governador -, Alckmin afirma agora estar disposto a ajudar o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), a montar palanques para a campanha tucana ao Planalto.
"Eu tive muita aliança e pouco apoio. Sei que isso precisa ser construído", admitiu o ex-governador, neoadepto da técnica de Pilates, que passou a praticar duas vezes por semana com os vizinhos de prédio.
Guerra tenta jogar água no confronto entre Alckmin e Aloysio. "Nós estamos trabalhando para unir o partido", disse ele. Na prática, apesar do discurso pacificador, a rede de intrigas preocupa a cúpula do PSDB. O Estado, maior colégio eleitoral do País, terá influência decisiva na sucessão de Lula em 2010. A avaliação é que qualquer turbulência em São Paulo pode prejudicar a eleição de Serra, que deve enfrentar difícil campanha contra Dilma.
Na tentativa de mostrar sintonia com a direção do PSDB, Alckmin irá a Goiás, na semana que vem, e à Bahia, no começo de novembro. Nas duas viagens, ele participará dos encontros nacionais do PSDB para debater temas como emprego e segurança, que rendem votos.
Além de "tourear" os aliados de Aloysio, o ex-governador também está de olho no deputado Antonio Palocci, possível candidato do PT à sucessão de Serra. Não parece acreditar que Ciro Gomes (PSB-CE) vá encarar a empreitada em São Paulo. Alckmin e Palocci são médicos. Quando o petista era ministro da Fazenda, confidenciou ao tucano que, se voltasse no tempo, gostaria de ser psiquiatra. Foi então que Alckmin lhe deu o livro Curar - o stress, a ansiedade e a depressão sem medicamento nem psicanálise, escrito por David Servan Schreiber. Um livro que trata das emoções e, no diagnóstico dos alckmistas, vale para qualquer campanha.
Aliados de Alckmin identificaram adversários, principalmente no DEM, que tentam "vender" sua imagem como a de um homem isolado. Tudo com o objetivo de amarrar o PSDB ao secretário-chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, outro postulante à cadeira de Serra. Munido desse diagnóstico, o ex-governador foi convencido de que é preciso agir rápido para neutralizar o bombardeio na seara tucana.
De temperamento discreto e sem tino para articulação política, Alckmin entrou na operação para fortalecer seu nome. "Estou saindo do período sabático, mas continuo na fase paz e amor", anunciou. Apesar de contar com até 60% das intenções de voto, segundo pesquisas contratadas pelo partido, ele coleciona desafetos no PSDB e seu relacionamento com Serra, candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é apenas protocolar.
Disposto a mostrar serviço, Alckmin atuou pessoalmente, nas últimas semanas, para levar filiados ao PSDB. Foram 12 adesões que renderão candidatos a deputados federal e estadual. Além disso, ele tentou organizar reunião com a bancada paulista do PSDB na Câmara. Foi desaconselhado, sob o argumento de que ali prevalece o racha. Passou, então, a chamar parlamentares para conversas em seu escritório. A todos apresenta o mesmo script: uma dúzia de pesquisas, feitas por prefeitos, nas quais desponta como favorito na disputa.
Numa sinalização bem recebida por alckmistas, Serra delegou ao ex-governador a tarefa de representá-lo na filiação da deputada Rita Camata (ex-PMDB) ao PSDB, no último dia 30. Alckmin deixou a discrição de lado e desembarcou em Vitória (ES) acompanhado de oito deputados paulistas, que formam sua "tropa de choque".
O secretário de Serra sofreu dois revezes, nas últimas semanas, que o ajudaram a sair da toca: o desembarque do PSDB de seu afilhado político Gabriel Chalita - vereador mais votado do País, que migrou para o PSB - e a filiação do deputado Geraldo Vinholi, ex-PDT, costurada à sua revelia. O parlamentar, que operou na Assembleia Legislativa contra Alckmin, quando ele era governador, chegou ao PSDB dizendo se identificar "com Serra e Aloysio". Alckmin se sentiu desrespeitado.
LULÉCIO - DILMIN
Ele também ficou bastante irritado ao perceber o movimento pró-Aloysio organizado com o apoio do DEM. A temperatura entre "alckmistas" e "aloysistas" subiu tanto nos últimos meses que adversários dos tucanos já apostavam, em tom de galhofa, em comitês conjuntos entre Dilma Rousseff, candidata do PT à sucessão de Lula, e Geraldo Alckmin, em 2010.
A distorção, batizada de "Dilmin", foi inspirada na eleição de 2006, quando apareceram em Minas os comitês "Lulécio", numa referência a Lula - então candidato à reeleição - e ao governador Aécio Neves, que também concorria ao segundo mandato. Aliados de Alckmin chegaram a identificar uma assessora do Palácio dos Bandeirantes que, ao marcar cerimônias do governo, pedia aos prefeitos apoio a Aloysio.
Empenhado em desfazer a imagem de político que cria atritos - em 2006 ele desafiou Serra e saiu candidato à Presidência e, no ano passado, disputou a eleição contra o prefeito Gilberto Kassab (DEM), aborrecendo o governador -, Alckmin afirma agora estar disposto a ajudar o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), a montar palanques para a campanha tucana ao Planalto.
"Eu tive muita aliança e pouco apoio. Sei que isso precisa ser construído", admitiu o ex-governador, neoadepto da técnica de Pilates, que passou a praticar duas vezes por semana com os vizinhos de prédio.
Guerra tenta jogar água no confronto entre Alckmin e Aloysio. "Nós estamos trabalhando para unir o partido", disse ele. Na prática, apesar do discurso pacificador, a rede de intrigas preocupa a cúpula do PSDB. O Estado, maior colégio eleitoral do País, terá influência decisiva na sucessão de Lula em 2010. A avaliação é que qualquer turbulência em São Paulo pode prejudicar a eleição de Serra, que deve enfrentar difícil campanha contra Dilma.
Na tentativa de mostrar sintonia com a direção do PSDB, Alckmin irá a Goiás, na semana que vem, e à Bahia, no começo de novembro. Nas duas viagens, ele participará dos encontros nacionais do PSDB para debater temas como emprego e segurança, que rendem votos.
Além de "tourear" os aliados de Aloysio, o ex-governador também está de olho no deputado Antonio Palocci, possível candidato do PT à sucessão de Serra. Não parece acreditar que Ciro Gomes (PSB-CE) vá encarar a empreitada em São Paulo. Alckmin e Palocci são médicos. Quando o petista era ministro da Fazenda, confidenciou ao tucano que, se voltasse no tempo, gostaria de ser psiquiatra. Foi então que Alckmin lhe deu o livro Curar - o stress, a ansiedade e a depressão sem medicamento nem psicanálise, escrito por David Servan Schreiber. Um livro que trata das emoções e, no diagnóstico dos alckmistas, vale para qualquer campanha.
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