Perillo tem vantagem em GO

Eleição em Goiás reproduz pleito de 1998 em disputa polarizada entre PMDB e PSDB

Luiz Felipe Fernandes

Especial para o UOL Eleições
Em Goiânia

A desistência do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, de disputar eleições, o rompimento entre PSDB e PP na base do atual governo do Estado e a guerra declarada entre dois pré-candidatos que não vão medir esforços para voltar ao Palácio das Esmeraldas formam o quadro político que define os contornos das eleições para o governo de Goiás.

O senador Marconi Perillo (PSDB) e o ex-prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), voltam ao campo de batalha eleitoral na que pode ser a última revanche entre as duas principais figuras políticas de Goiás. Os dois já se enfrentaram em 1998, quando, numa virada que surpreendeu os adversários, o tucano superou o peemedebista nas urnas. Quatro anos depois, Perillo confirmou sua popularidade e garantiu a reeleição.

Iris Rezende, que já governou o Estado (1983-1986 e 1991-1994), foi eleito prefeito de Goiânia em 2004, sendo reeleito no pleito seguinte, em 2008. Ainda na campanha, o peemedebista garantiu que não renunciaria para disputar o governo do Estado, embora essa fosse, sabidamente, sua vontade. Sua possível candidatura, entretanto, foi colocada em segundo plano quando, no fim do ano passado, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, se filiou ao PMDB.

Meirelles tem domicílio eleitoral em Anápolis (GO) e, durante meses, foi considerada a hipótese de sua candidatura ao governo de Goiás. Contrariando as expectativas, o presidente do BC decidiu permanecer à frente da instituição, abrindo espaço para Iris Rezende.

Terceira via

Correndo por fora, também já anunciou sua pré-candidatura o empresário Vanderlan Cardoso (PR), lançado pela chamada Nova Frente. No dia 30 de março, Cardoso renunciou à prefeitura de Senador Canedo, cidade da Região Metropolitana de Goiânia. Sua candidatura é apoiada pelo atual governador, Alcides Rodrigues (PP), que foi vice no primeiro mandato de Marconi Perillo.

A relação entre Rodrigues e Perillo, que desde o ano passado dava mostras de desgaste, foi oficialmente rompida esse ano. Além do anúncio de uma terceira via, na figura do empresário Vanderlan Cardoso, o atual governador de Goiás esvazia os remanescentes tucanos da administração estadual, afastando nomes ligados ao senador Marconi Perillo dos principais órgãos e autarquias.

Palanque

PMDB e PSDB formam os palanques dos presidenciáveis Dilma Roussef (PT) e José Serra (PSDB), respectivamente, em Goiás. Iris Rezende foi eleito para o segundo mandato de prefeito de Goiânia em coligação com o PT. A sigla indicou o vice da chapa, o médico Paulo Garcia, que, com a renúncia de Rezende para a disputa das eleições ao governo, está à frente da administração municipal.

Já o senador Marconi Perillo encontra dificuldades para garantir o apoio do Democratas. Os principais representantes goianos da sigla – senador Demóstenes Torres e deputado federal Ronaldo Caiado – ainda não definiram apoio ao tucano. Acreditava-se que a visita de José Serra a Goiânia, no começo do mês, poderia ajudar a definir a aliança, o que não aconteceu.

“O Serra sempre entendeu bem o apoio dado a ele pelo Democratas em todos os Estados, mas só vamos decidir (sobre a aliança em Goiás) na convenção, em junho”, disse Caiado na visita do presidenciável. Na mesma ocasião, o próprio Serra não deixou claro o apoio. “Não vamos tratar desses assuntos locais. Estamos ouvindo as bases e não temos nada contra nenhum candidato”, desconversou.

Vantagem

Por enquanto, as pesquisas apontam sensível vantagem do senador Marconi Perillo sobre Iris Rezende. O peemedebista só aparece à frente no eleitorado de Goiânia e das cidades na região metropolitana. Na maioria dos levantamentos, o número de indecisos ainda é grande, o que representa esperança para os partidos que apostam numa terceira via no Estado.