Aeroportos não suportam crescimento do Brasil, diz Ipea
Blog do Fernando Rodrigues
após Copa e Olimpíadas, movimentação nos aeroportos do país não retornará aos níveis anteriores
soluções para o problema só surtirão efeitos em, pelo menos, 3 décadas, diz especialista
nos períodos de pico, 10 dos principais aeroportos do país recebem 252 pedidos de pouso e decolagem, mas só conseguem atender a 193
A tendência internacional de expansão da aviação civil também vale para o Brasil, mas o país precisa tomar providências para que a possibilidade de crescimento não dê lugar a um colapso, adverte o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em estudo divulgado hoje (31.mai.2010).
Para o instituto, a infraestrutura aeroportuária brasileira está saturada e impede o setor aéreo nacional de crescer no ritmo da demanda. Mesmo com a crise, cita o estudo, o setor cresceu em 2009. Em outubro, por exemplo, o número de passageiros transportados aumentou 40% com relação ao mesmo mês de 2008. Em novembro, a alta foi de 38,4%.
O estudo explica a tendência de crescimento com fatores como o aprimoramento dos aviões (que levam mais passageiros a um custo menor), gestão mais eficiente das empresas aéreas, aumento da população urbana e inclusão da classe C entre usuários do transporte aéreo, informa o repórter do UOL, Fábio Brandt.
No entanto, a falta de clareza na definição das prioridades de investimento da Infraero (estatal que controla 97% dos aeroportos do país), faz com que as melhorias mais urgentes nos aeroportos não sejam feitas no tempo necessário, afirma o Ipea.
O resultado desse descompasso entre investimento e demanda aparece em um dos gráficos incluídos no documento: todos os dias, nos períodos de pico, 10 dos principais aeroportos brasileiros recebem 252 pedidos de pouso e decolagem por hora, mas só conseguem atender a 193.
O trabalho do Ipea também frisa que o Brasil tem a 2ª maior rede aeroportuária do mundo (com 4.263 aeroportos e aeródromos, atrás dos EUA, com 14.497) e, apesar disso, seu fluxo de passageiros, carga e aeronaves não aparece nem entre os 10 maiores:
Agravante à situação é que a demanda por pouso e decolagem no Brasil será reforçada pela Copa do Mundo de 2014 e pelos Jogos Olímpicos de 2016. “Presidentes e gestores de empresas aéreas afirmaram, em recente congresso da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Aéreo Regional (Abetar), que após o Brasil sediar os dois eventos, a movimentação nos aeroportos não retornará aos níveis anteriores”, relata o estudo.
PropostasO estudo apresenta 5 alternativas para o problema de infraestrutura aeroportuária no Brasil. Mas todas elas já deveriam ter sido tomadas há pelo menos 2 décadas, diz o economista Josef Barat, um dos responsáveis pelo trabalho.
“O problema agora é recuperar o tempo perdido. Isso demanda investimentos vultosos e é um planejamento para 30 ou 40 anos”, afirma Barat. As medidas a serem tomadas visam fazer com que a distribuição de recursos seja feita “de acordo com o que a demanda e a segurança exigem em termos de terminais, pátios, pistas e sistemas de aproximação e proteção ao voo”.
As propostas são:
1) abrir o capital da Infraero para aumentar o controle de auditoria externa nos gastos da empresa e diminuir a influência político-partidária em seu funcionamento;
2) organizar a administração dos aeroportos dividindo-os em “rentáveis” e “não rentáveis” e distribuí-los para novas concessionárias submetidas à Infraero. Assim, pretende-se garantir que o transporte aéreo não estará apenas submetido a fatores de mercado, pois é um serviço publico;
3) transferir a concessão dos poucos aeroportos rentáveis à iniciativa privada. Assim, o Estado se concentra em investir, rapidamente e com segurança, nos aeroportos não rentáveis.
4) construir de novos terminais em aeroportos saturados. A solução pode ser tomada, segundo o Ipea, inclusive, com parcerias público-privadas (PPP).
5) incumbir a iniciativa privada de construir novos aeroportos onde é necessário, via PPP ou concessão simples, para competir com a rede da Infraero e estimular a modernização dos aeroportos brasileiros.
soluções para o problema só surtirão efeitos em, pelo menos, 3 décadas, diz especialista
nos períodos de pico, 10 dos principais aeroportos do país recebem 252 pedidos de pouso e decolagem, mas só conseguem atender a 193
A tendência internacional de expansão da aviação civil também vale para o Brasil, mas o país precisa tomar providências para que a possibilidade de crescimento não dê lugar a um colapso, adverte o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em estudo divulgado hoje (31.mai.2010).
Para o instituto, a infraestrutura aeroportuária brasileira está saturada e impede o setor aéreo nacional de crescer no ritmo da demanda. Mesmo com a crise, cita o estudo, o setor cresceu em 2009. Em outubro, por exemplo, o número de passageiros transportados aumentou 40% com relação ao mesmo mês de 2008. Em novembro, a alta foi de 38,4%.
O estudo explica a tendência de crescimento com fatores como o aprimoramento dos aviões (que levam mais passageiros a um custo menor), gestão mais eficiente das empresas aéreas, aumento da população urbana e inclusão da classe C entre usuários do transporte aéreo, informa o repórter do UOL, Fábio Brandt.
No entanto, a falta de clareza na definição das prioridades de investimento da Infraero (estatal que controla 97% dos aeroportos do país), faz com que as melhorias mais urgentes nos aeroportos não sejam feitas no tempo necessário, afirma o Ipea.
O resultado desse descompasso entre investimento e demanda aparece em um dos gráficos incluídos no documento: todos os dias, nos períodos de pico, 10 dos principais aeroportos brasileiros recebem 252 pedidos de pouso e decolagem por hora, mas só conseguem atender a 193.
O trabalho do Ipea também frisa que o Brasil tem a 2ª maior rede aeroportuária do mundo (com 4.263 aeroportos e aeródromos, atrás dos EUA, com 14.497) e, apesar disso, seu fluxo de passageiros, carga e aeronaves não aparece nem entre os 10 maiores:
Agravante à situação é que a demanda por pouso e decolagem no Brasil será reforçada pela Copa do Mundo de 2014 e pelos Jogos Olímpicos de 2016. “Presidentes e gestores de empresas aéreas afirmaram, em recente congresso da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Aéreo Regional (Abetar), que após o Brasil sediar os dois eventos, a movimentação nos aeroportos não retornará aos níveis anteriores”, relata o estudo.
PropostasO estudo apresenta 5 alternativas para o problema de infraestrutura aeroportuária no Brasil. Mas todas elas já deveriam ter sido tomadas há pelo menos 2 décadas, diz o economista Josef Barat, um dos responsáveis pelo trabalho.
“O problema agora é recuperar o tempo perdido. Isso demanda investimentos vultosos e é um planejamento para 30 ou 40 anos”, afirma Barat. As medidas a serem tomadas visam fazer com que a distribuição de recursos seja feita “de acordo com o que a demanda e a segurança exigem em termos de terminais, pátios, pistas e sistemas de aproximação e proteção ao voo”.
As propostas são:
1) abrir o capital da Infraero para aumentar o controle de auditoria externa nos gastos da empresa e diminuir a influência político-partidária em seu funcionamento;
2) organizar a administração dos aeroportos dividindo-os em “rentáveis” e “não rentáveis” e distribuí-los para novas concessionárias submetidas à Infraero. Assim, pretende-se garantir que o transporte aéreo não estará apenas submetido a fatores de mercado, pois é um serviço publico;
3) transferir a concessão dos poucos aeroportos rentáveis à iniciativa privada. Assim, o Estado se concentra em investir, rapidamente e com segurança, nos aeroportos não rentáveis.
4) construir de novos terminais em aeroportos saturados. A solução pode ser tomada, segundo o Ipea, inclusive, com parcerias público-privadas (PPP).
5) incumbir a iniciativa privada de construir novos aeroportos onde é necessário, via PPP ou concessão simples, para competir com a rede da Infraero e estimular a modernização dos aeroportos brasileiros.
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