Mendes Thame: Não há chance de Serra ir à reeleição
Eliano Jorge
O declínio do governador paulista José Serra nas recentes pesquisas de intenção de voto não provocam titubeios no discurso do presidente do diretório paulista do PSDB, o deputado federal Antonio Carlos Mendes Thame.
Na mesma direção em que reafirma a candidatura do tucano à Presidência da República, ele refuta a tentativa do governador em permanecer no Palácio dos Bandeirentes. "Não há hipótese de Serra ser candidato à reeleição", garantiu aTerra Magazine.
Mendes Thame ratificou Aloísio Nunes e Geraldo Alckmin como possíveis candidatos tucanos à sucessão estadual. "Tão logo seja anunciada a candidatura do Serra à Presidência da República, imediatamente nós trataremos disso", avisou, descartando completamente a possibilidade de o partido apoiar alguém de outra sigla. "Ela não é nem remota, não existe".
O deputado evita análises sobre as sondagens eleitorais, porém segue a linha oposicionista de atacar a promoção da pré-candidatura da ministra Dilma Rousseff.
- É uma aberração, temos apenas uma pessoa fazendo campanha há dois anos. E o Serra se recusa a descumprir a legislação eleitoral.
Leia a entrevista.
Terra Magazine - Quais são os nomes para uma candidatura situacionista em São Paulo?
Antonio Carlos Mendes Thame - Nenhuma novidade: o Aloísio Nunes e o Geraldo Alckmin, os dois que estavam desde o início.
Existe alguma possibilidade de o PSDB não encabeçar a chapa ao governo paulista?
Apoiar alguém de um outro partido? Não, esta hipótese não existe. Ela não é nem remota, não existe.
Nem a possibilidade de o governador José Serra se candidatar à reeleição?
Também não existe. Na minha avaliação, não há hipótese de Serra ser candidato à reeleição. É algo que já está superado. Na minha avaliação pessoal!
Como deve ser a definição entre Nunes e Alckmin, e para quando o senhor imagina?
Tão logo seja anunciada a candidatura do Serra à Presidência da República, imediatamente nós trataremos disso. Antes, é inverter a ordem lógica das coisas. É arrebentar com o caminho crítico natural.
O governador Serra caiu 5 pontos percentuais e a ministra Dilma Rousseff subiu 5 pontos na pesquisa recente do Datafolha. Como o senhor interpretou isso? Houve migração de eleitores dele para ela?
Acho que a pesquisa captou algo que nós já prevíamos, que é a ministra Dilma chegando ao patamar de votos que o PT sempre teve.
O senhor acha que esta chegada foi precoce? Deve-se a algum motivo especial?
Não consigo avaliar isso. Quanto à queda do Serra, é ao fato de ele não estar em campanha. Ela é candidata única, uma situação que é uma aberração. Temos apenas uma pessoa fazendo campanha há dois anos. E o Serra se recusa a descumprir a legislação eleitoral.
A queda do governador Serra na pesquisa presidencial realizada no Sudeste mostra que a candidatura tucana ao governo de São Paulo já não é tão forte quanto parecia antes dos alagamentos?
Não sei analisar exatamente qual a causa da queda, mas acho que, de uma forma geral, a somatória de todas as razões, para mim, é muito claro: quem não faz campanha evidentemente tem um preço a pagar. O Serra assumiu esse risco e esse ônus lá atrás, está sabendo disso. Ele optou por exercer o seu cargo de governador em tempo integral. É um risco, um preço assumido, que ele ia ter uma queda, uma perda de espaço político, uma perda na campanha, uma perda na intenção de votos. Já está sabendo, há tempo, que isso iria ocorrer, em função de não ter feito campanha.
O senhor então não concorda com a tese de alguns tucanos de que os alagamentos em São Paulo prejudicaram o governador Serra nas pesquisas eleitorais mais recentes?
Você acabou de me perguntar isso, e eu respondi. Eu acho que não dá para colocar a razão da queda, não dá para ter ideia disso. A minha avaliação é de que ela se deve ao fato de ele não ter feito campanha.
Não é possível avaliar se é uma tendência ou algo de momento?
Acho que são dois momentos na campanha, que indicam fases diferentes. Uma, a partir do início da desincompatibilização dos dois candidatos. A partir de 2 de abril, temos uma nova fase, os dois candidatos estarão fora do governo. A fase final é a partir da homologação de ambos como candidatos e a permissão para o início da campanha legalmente. Isso se dá a partir do momento em que o partido homologa esses nomes como candidatos. Uma terceira etapa desta fase é quando inicia-se o programa na televisão. Isso, eu acho que dá para analisar, dentro de cada fase, o que pode estar ocorrendo.
Como o senhor observa a chance de o deputado Ciro Gomes concorrer ao governo de São Paulo ou a de candidato próprio do PT?
Não faço a menor ideia. Seria uma ingerência minha no âmbito de partidos aos quais eu não pertenço.
Não há nenhum estudo do PSDB para se precaver...
Nenhum estudo e nenhuma preocupação com isso. Não podemos escolher nosso adversário, nosso concorrente.
Até pelos 16 anos de governo tucano, o senhor acha que o partido está numa posição cômoda para a campanha?
Não, não diria isso. Nem situação cômoda nem incômoda. A cada momento, o eleitor faz uma avaliação. E esta avaliação é uma coisa muito objetiva. Essa história de que há fadiga do material ou o contrário, de que, pelo fato de já ter acumulado 16 anos de coisas boas, isto nos dá uma posição favorável, acho que nem um caso nem outro. Nem um caso negativo e nem positivo. É uma avaliação que o eleitor faz, em determinado momento da história, em função de condições objetivas e em função dos candidatos. Na hora em que se definirem os candidatos dos demais partidos, eles vão comparar com os nossos candidatos. E vão olhar para o futuro, para frente, não vão ficar olhando para aquilo que fizemos nesses 16 anos. Isso aí já está conquistado, é algo que o eleitor paulista incorporou ao seu dia a dia como um degrau que ele já subiu. Ele vai pensar naquele candidato que possa lhe oferecer um futuro melhor, que eu espero que seja o candidato do PSDB. A mesma análise vale para o governo federal.
O senhor acredita que não há desgastes e conquistas que têm prevalecido nas pesquisas e que indicam algo?
São Paulo tem um dos eleitorados mais conscientes e politizados do Brasil. A análise é muito objetiva. Principalmente cargos majoritários influem na qualidade de vida da população. A análise é a mesma, tanto para a eleição da Dilma versus Serra como a eleição do nosso candidato ao governo do Estado versus o candidato do PT ou do PSB.
Terra Magazine
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