Indefinição do PSDB não se justifica mais, após duas derrotas seguidas

Quarta, 21 de outubro de 2009, 14h46  Atualizada às 16h14

Indecisão entre Serra e Aécio prejudica 

PSDB, admite Guerra

Marcela Rocha

Em entrevista a Terra Magazine, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), nega que os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) estejam fazendo campanha. Guerra ressalta que as viagens para outros estados são pagas pelo partido para discutirem as prévias. Na avaliação do presidente, elas fortalecem o debate interno, mas admite que prejudicam a imagem do partido para as eleições presidenciais de 2010.

- A falta de acerto conta na televisão. Se tivéssemos um único candidato na propaganda dos partidos em novembro, seria melhor do que apresentar dois.

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O senador pernambucano afirma que o acordo fechado entre PT e PMDB na noite desta terça-feira, 20, era "previsível" e que aconteceu muitas vezes nos corredores do governo. "A reunião de ontem é politicamente importante, mas esse fato tem muito mais publicidade do que conteúdo", minimiza.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, levantou dúvidas sobre a suposta intenção eleitoreira envolvendo eventos públicos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, em caravana ao São Francisco. Questionado sobre as viagens dos seus pré-candidatos, o presidente do PSDB é enfático:

- O que Serra e Aécio têm feito é o seguinte: chegam num Estado, descem no aeroporto e vão para uma reunião numa sala alugada pelo partido, com membros do PSDB, do DEM e do PSB para falar sobre o tema (prévias). Depois, algumas vezes, saem com alguns para almoçar e conversar sobre os seminários e reuniões realizados. Cada seminário desse tem um valor e é o partido que paga.

Leia abaixo a íntegra da entrevista:

Terra Magazine - Ontem, PT e PMDB selaram a aliança para 2010. Isto preocupa o PSDB?
Sérgio Guerra - Era completamente previsível. O PMDB é muito complexo, muito grande. Esse jantar que se deu ontem já aconteceu muitas vezes nos corredores do governo. O PMDB não estava em peso lá. Essa reunião foi muito menos do que imaginávamos que seria. A montanha caiu rápido.

O PMDB é um partido em que os Estados possuem autonomia entre si...
Quem estava ali, naquele jantar, se foi o que eu li no jornal, não resolve nada, não mudou nada. A reunião de ontem é politicamente importante, mas esse fato tem muito mais publicidade do que conteúdo. No momento adequado, essa situação será vista por nós. Nós continuamos muito próximos do PMDB.

O governador mineiro Aécio Neves disse ver o PMDB muito mais próximo do PSDB do que do PT. O senhor concorda?
Sim, ele tem toda razão. Está coberto do razão. Mas a nossa questão será resolvida muito brevemente, só depende dos nossos dois pré-candidatos, Serra e Aécio, que vão muito bem, obrigado.

Como o senhor avalia as declarações do ministro Gilmar Mendes, questionando se é ou não é campanha, a viagem de Lula e Dilma pelo Rio São Francisco? O governador paulista e pré-candidato do seu partido, José Serra, também tem feito viagens. Não seria motivo de questionamento também? 
O que Serra e Aécio têm feito é o seguinte: chegam num Estado, descem no aeroporto e vão para uma reunião numa sala alugada pelo partido, com membros do PSDB, do DEM e do PSB para falar sobre o tema. Depois, algumas vezes, saem com alguns para almoçar e conversar sobre os seminários e reuniões realizados. Cada seminário desse tem um valor e é o partido que paga. E a finalidade dessas conversas é discutir a prévia.

Houve também propaganda da Sabesp em outros estados e essa é uma empresa estatal do Estado de São Paulo. Serra também faz viagens e independentemente de ser aos finais de semana, ou pagas pelo partido, podem ser questionadas se são para fazer campanha ou não.
As viagens dele são para dentro do partido. Ele assinou convênios com vários estados de substituição tributária. No meu estado, por exemplo, ele assinou com Eduardo Campos, que é do PSB. A publicidade se deu nesse encontro por causa do Eduardo Campos, não tem ninguém nosso lá.

O partido já estuda um meio termo entre as datas sugeridas por Serra e Aécio para a realização das prévias?
Se eles não se entendem, haverá prévia. Estamos trabalhando para que se entendam. Não estamos fazendo campanha, não temos como fazer. Quando os dois resolveram aprovar as prévias, ficou combinado que andaríamos juntos. Estamos fazendo tudo de acordo com a lei, tomando todos os cuidados.

Não é perda de tempo essa espera para definir um candidato tendo em vista que é preciso formar uma figura central que dispute as eleições com Dilma Rousseff?
Dilma é uma figura pública por conta de dinheiro público. No dia que Serra foi para uma coisa que não era privada, do partido, ele foi ao show de Luiz Gonzaga e pediu para que não levassem políticos. Nenhum de nós foi, nem eu, nem Jarbas, nem ninguém. A falta de acerto conta na televisão, se tivéssemos um único candidato na propaganda dos partidos em novembro, seria melhor do que apresentar dois. O que estamos fazendo fortalece o partido para dentro e é isso o que queremos.

Terra Magazine