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quarta-feira, 3 de março de 2010

Homenagem a Tancredo

03/03/2010 - 12h37

Serra e Aécio dividem holofotes no Senado durante homenagem a Tancredo Neves

Maurício Savarese
Do UOL Notícias *
Em São Paulo
José Serra é rodeado por políticos, jornalista, povo e funcionários do Senado

Ex-adversários internos na busca pela candidatura à Presidência da República no PSDB e possíveis companheiros de chapa – caso o mineiro aceite – os governadores José Serra e Aécio Neves participaram nesta quarta-feira (3) de uma sessão solene do Congresso Nacional em homenagem aos 100 anos do nascimento do presidente Tancredo Neves, morto em 1985 antes de assumir o poder.

No plenário do Senado, o governador de Minas Gerais, que é também neto de Tancredo, afirmou que a honraria é especial porque seu avô construiu sua trajetória política no Parlamento. “Todas as homenagens tem sentido especial porque foi nessa Casa, entre essas paredes, que Tancredo viveu a maior parte de sua vida. Ele era um parlamentar por excelência, gostava de debate, articulação política e construiu sua trajetória a partir do Congresso Nacional e de forma especial do Senado”, disse.

Tancredo nasceu em São João del Rey, interior de Minas Gerais, no dia 4 de março de 1910. Na quinta-feira, haverá em Belo Horizonte uma nova sessão de homenagens a ele, promovida por Aécio. De acordo com o jornal "Folha de S.Paulo", a decisão do governador mineiro de convidar potenciais adversários de Serra na eleição presidencial, como o deputado Ciro Gomes (PSB) e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), desagradou o governador paulista, que comparecerá ao evento mesmo assim.

Depois de começar a carreira vinculado ao regime democrático do presidente Getúlio Vargas, no início dos anos 50, Tancredo foi deputado federal, senador, governador de Minas e até primeiro-ministro do Brasil, no curto período em que o presidencialismo foi suspenso para esvaziar o poder do presidente João Goulart.

Serra, que fez parte da equipe de transição Tancredo depois da vitória do mineiro no Colégio Eleitoral sobre o rival Paulo Maluf, em uma votação parlamentar que sacramentou o fim do Regime Militar (1964-1985), lembrou de outros políticos que influíram para derrubar a ditadura. Citou os governadores paulistas Franco Montoro e Mario Covas, o fluminense, Leonel Brizola e outros que já faleceram.

Tancredo adoeceu às vésperas de sua posse e morreu, deixando o cargo para José Sarney, ex-aliado da ditadura que rompeu com o grupo de Maluf para fundar o Partido da Frente Liberal (PFL, hoje Democratas) e se aliar aos fundadores da Nova República, muitos deles do PMDB.

"Tancredo foi um grande homem, fundador da Nova República que foi o melhor período da história republicana brasileira em todos os aspectos. Ali surgiram a democracia de massa, o avanço na estabilidade, a paz social, o processo democrático”, afirmou Serra.

“O Brasil de hoje tem a cara e o espírito dos fundadores da Nova República. Agora há senso de equilíbrio, elaboração de um novo pacto social e político, apego à democracia e combate apaixonado à eliminação da pobreza no nosso país. Longa vida à Nova República!”, bradou o governador paulista.

No comando da sessão, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), lembrou da capacidade de conciliação do político cuja morte o alçou ao mais alto cargo do país. "Durante os anos do regime militar um grupo de homens compreendeu que havia uma saída pela conciliação em vez do enfrentamento. Esse caminho implicava em lutar para manter aberto o Poder Legislativo, sempre vivo o debate sobre a redemocratização e agir em silêncio num diálogo entre oposição e situação", afirmou.

"Tancredo Neves, que se conciliou com seu mais tradicional adversário, Magalhães Pinto, na fundação de um partido político (o PP), quando se abriu esta via, compreendeu melhor do que ninguém as sutilizas da ação política e os momentos de falar e de calar."

Sem falar de eleições
Ao chegar ao plenário do Senado, Serra esquivou-se de tratar de qualquer assunto referente à sucessão presidencial de 2010. Perguntado por jornalistas sobre as eleições de outubro, o governador disse apenas que continua trabalhando por seu Estado. “Estou aqui para tratar de Tancredo Neves e não de política nacional", afirmou ao chegar à cerimônia de inauguração do busto do político mineiro.

Também questionado sobre a possibilidade de ser vice na provável chapa de Serra, Aécio repetiu que não pensa nessa possibilidade e que deve se concentrar em sua eleição para o Senado e na tentativa de fazer do vice-governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), o seu sucessor no Palácio da Liberdade.

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