15/02/2010
Serra converte microblog numa ‘vitrine’ carnavalesca.
O presidenciável tucano, que se diz um não-candidato, cruzara a semana atormentado por um pseudodilema.
Dizia hesitar entre a atenção aos alagados e os convites para sacudir a não-candidatura no Carnaval de Recife, Salvador e Rio.
Se chovesse, Serra afirmava, não arredaria o pé de São Paulo. Em algumas localidades, choveu. Porém...
Porém, a água não caiu em quantidade suficiente para afogar o candidato que se esconde dentro do governador.
Na madrugada de domingo, Serra começou a expor aos seus “seguidores” no twitter os resultados da opção que fizera.
Escreveu: “Folga de Carnaval. Estou em Salvador. Mais cedo, acompanhei o Circuito Barra-Ondina, no camarote da Daniela Mercury”.
Como que preocupado em não melindrar o eleitor de seu Estado, Serra informou sobre o compromisso da véspera:
“Ontem à noite, em São Paulo, assisti ao primeiro dia do desfile das escolas. Saí de lá direto para Recife”.
Na capital pernambucana, foi “ver o Galo da Madrugada”. Em verdade, mais do que ver, o não-candidato queria ser visto:
“Estava no camarote do bloco, mas não resisti e desci pra avenida”, anotou Serra no microblog. Teve o cuidado de prover o link para um vídeo.
Extraídas por Serra do blog do repórter Jamildo, as imagens mostram a calva do não-candidato, luzidia, movendo-se no meio dos foliões (assista lá no alto).
Um leitor perguntou a Serra se mesmo ao Carnaval do Rio. E ele: “Ainda não decidi”. A etapa de Salvador mal começara: “Vou dormir agora ..., daqui a pouco tem mais”.
Na madrugada desta segunda, Serra voltou ao computador. Discorreu sobre o “perigo” a que foi exposto: “Quase caio mesmo na pegadinha do Rebolation”.
Tentou dançar?, um curioso perguntou. E o não-candidato: “Soutímido e não me atreveria”.
A passagem pela capital baiana rendeu a Serra um segundo vídeo, que o “tímido” governador fez questão de realçar:
“Desta vez, fui zoado (by meu neto...) pela Ivete Sangalo, que me mandou tomar energético pra não perder o pique”. Serra remete os seguidores para a fita.
Para desassossego do não-candidato da oposição, Ivete Sangalo, versada nas artes da política, zoaria também a candidatíssima do governo.
“Vai buscar Dilminha”, entoaria Ivete, substituindo, na abertura da canção, a “Dalila” da letra original pelo nome da rival de Serra.
Esse pedaço da performance de Ivete, que Serra, obviamente, não levou ao twitter, foi à rede no sítio “O Recôncavo” (assista lá no rodapé).
De Salvador, Serra retornou para São Paulo. Diferentemente de Dilma, privou-se de esticar a aventura até o Rio. Perdeu o samba da rival com um gari.
Ao se despedir, Serra deixou sua platéia virtual em boa companhia: “Deixo a vocês esta maravilha: Foi um rio que passou em minha vida, Paulinho da Viola”.
A súbita conversão do “tímido” governador às extroversões do Carnaval indicam que Serra se lançou, agora de modo mais desabrido, à correnteza da sucessão.
O tucanato aposta: o governador está na bica de rever aquele plano de esperar pelo término das águas de março para, só então, emergir sem a máscara de não-candidato que usou no Carnaval.
Resta saber como o Tietê, rio que passa pela candidatura de Serra, inundando-a, vai se comportar nas próximas semanas.
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