Ala tucana aposta que Serra pode antecipar largada
Partido tenta convencer governador a 'sair da toca' e antecipar pré-candidatura para início de março
Julia Dualibi
O PSDB já trabalha com a antecipação do anúncio da pré-candidatura do governador de São Paulo, José Serra, para o começo de março. A avaliação no partido é que o governador está mais maleável à tese de que deve se posicionar como concorrente à Presidência. Pela primeira vez, tornou-se concreto o cenário de antecipação do anúncio, anteriormente previsto para o fim do próximo mês, véspera do prazo de desincompatibilização de quem disputará cargo eletivo.
Esse é um quadro, no entanto, que ainda está em gestação. Tratando-se da personalidade de Serra, ponderam os tucanos, pode ser que não vingue. Cauteloso e conservador, o governador deixará a definição para a última hora. Mesmo que opte pela antecipação, o que começa a se esboçar, a decisão será na véspera - para desespero de tucanos.
O diagnóstico geral é que o silêncio sobre a disputa está, no mínimo, "impedindo avanços". Líderes do PSDB alegam ser importante que o governador assuma uma posição mais enfática de pré-candidato. Citam não só a questão dos palanques nacionais, que demandam a entrada de Serra nas negociações para que ganhem peso, mas também a mobilização do partido e a formação de equipes. "Ele têm de sair da toca", diz um tucano próximo a Serra.
Interlocutores do governador veem, sim, sinais de que ele "sairá da toca". Tem conversado mais com lideranças tucanas nos Estados, para se inteirar dos quadros regionais. Nas últimas duas semanas, conversou com pré-candidatos do PSDB a governador do Pará, Paraná, Alagoas e Piauí. Outra movimentação importante é o sinal de Serra para o governador de Minas, Aécio Neves, cotado para compor a chapa como vice. Os dois devem se encontrar depois do carnaval.
Há uma ansiedade no partido. Principalmente com as andanças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua candidata, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Até o pré-candidato do PSB, Ciro Gomes, é citado como exemplo de que a campanha, na prática, já começou.
Outro ponto que tem sido citado é a situação dos secretários paulistas. Eles precisam da definição do governador para se desincompatibilizar. Os casos mais flagrantes são os dos secretários do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, cotados para disputar o governo.
Para o público, no entanto, continua o discurso de precaução. Serra diz a aliados que tem de governar São Paulo e não ganha nada colocando o time em campo a essa altura do campeonato.
Outra questão é o calendário de inaugurações. O governador tem um cardápio recheado de obras para entregar e pretende participar do maior número de inaugurações possível - a gestão em São Paulo, ao lado de sua atuação como ministro da Saúde, deve ser o carro-chefe da campanha tucana.
A antecipação do anúncio daria mais munição para os adversários afirmarem que Serra está infringindo a legislação, do mesmo jeito que os tucanos acusam Lula e Dilma quando viajam pelo País.
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