Tarso diz que aceita ‘dividir’ Dilma com o rival Fogaça
Ricardo Nogueira/Folha
“Quanto mais palanques nossa candidata tiver, melhor para o PT e para o Brasil”.

Pronunciada por Tarso Genro, a frase aponta para a perspectiva de uma composição inédita na política do Rio Grande do Sul.
Velhos rivais no Estado, PT e PMDB podem se apresentar aos eleitores gaúchos com uma face comum: o apoio à presidenciável Dilma Rousseff.
A novidade tornou-se possível graças a uma meia-volta ensaiada peloo prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, do PMDB, também candidato ao governo gaúcho.
Fogaça era tido como provável aliado de José Serra, o rival tucano de Dilma. Porém...
Porém, passou a defender nos últimos dias a tese de que o PMDB gaúcho deve se submeter à decisão de sua direção nacional, que pende para Dilma.
Daí a declaração de Tarso, favorável à adoção da tática do palanque presidencial duplo no Rio Grande do Sul.
Primeiro ministro de Lula a trocar a Esplanada pelos palanques, Tarso foi recepcionado em Porto Alegre com honras de candidato.
Voou para a capital gaúcha logo depois da cerimônia em que Lula transferiu o cargo de ministro da Justiça a Luiz Paulo Barreto, funcionário de carreira da pasta.
Já no aeroporto, Tarso foi recepcionado por dezenas de militantes petistas. À noite, foi a um jantar. Presente a nata do petismo gaúcho.
O repasto teve triplo objetivo: reafirmar a candidatura de Tarso ao governo gaúcho, celebrar os 30 anos do PT e empossar a nova direção do partido.
Tarso mergulha na campanha justamente no momento em José Fogaça, seu rival mais forte, ensaia o apoio a Dilma.
Fogaça divide com Tarso a liderança nas pesquisas. Ambos medem forças para atrair para as respectivas coligações o PDT.
Integrante da gestão de Fogaça na prefeitura, o PDT parece mais próximo de acertar-se com ele do que com Tarso.
Fechado com Dilma, o ministro Carlos Lupi (Trabalho), mandachuva do PDT, impôs como condição o apoio de Fogaça a Dilma. Daí o vaivém do prefeito.
Na hipótese de vingar a política dos dois palanques, o eleitor gaúcho será submetideo a uma campanha sui generis.
Tarso diz que o apoio de Lula é dele. E afirma que não abre mão de fazer reparos à gestão tucana de Yeda Crusius, apoiada pelo PMDB, e à própria gestão Fogaça.
Quanto a Fogaça, disse há dois dias que mantém com Dilma e com o próprio Lula uma ótima relação. Na campanha, não terá como fugir dos ataques a Tarso e ao PT.
Coisas da política brasileira. Pela lei, as coligações costuradas em âmbito nacional não precisam ser repetidas nos Estados.
Assim, os partidos podem se associar a uma mesma candidatura presidencial e, simultaneamente, se estapear nos ringues estaduais.
A despeito da aparente disposição de Tarso de "dividir" Dilma com Fogaça, a base do petismo torce o nariz para a operação.
Dá-se o mesmo ao redor de Fogaça. Um pedaço do PMDB gaúcho ainda prefere Serra a Dilma. O prefeito não operará a mudança sem derramar algum suor.
Se como for, aos olhos de hoje a cena gaúcha parece sorrir para Dilma, prestes a obter duas vitrines num Estado em que, na sucessão de 2006, o tucano Geraldo Alckmin prevaleceu sobre Lula.
Pior para Serra, que pode ser compelido a contentar-se com o palanque reeleitoral de Yeda Crusius, frequentadora das últimas posiçõoes nas pesquisas eleitorais.
Escrito por Josias de Souza às 05h20
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