À espera de manifestação de Lula, PMDB congela PT

Fotos: Folha e ABr


O PMDB decidiu dar um gelo no PT. Mandou ao freezer as negociações em torno da aliança pró-Dilma Rousseff.
Lideranças dos dois partidos fariam nova reunião nesta quarta (16). Por iniciativa do PMDB, o encontro foi às calendas.
Sobreviveu ao final de semana o mal-estar provocado pelas declarações feitas há cinco dias por Lula, no Maranhão.
O presidente sugerira que o PMDB deveria indicar três alternativas de vice para Dilma. O partido tomou a fala como intrusiva e indelicada.
O nome do PMDB para a vice, Lula bem sabe, é o de Michel Temer, que se sentiu diminuído. E arrastou a solidariedade do partido.
O presidente da Câmara passou o sábado e o domingo na expectativa de receber um prometido telefonema de Lula.
Ligou muita gente. Afora os amigos de sempre, cinco ministros de Estado e o presidente do Senado, José Sarney. Nada de Lula. contudo.
Os afagos em Temer começaram na sexta (11). E estenderam-se até o domingo (13). Os primeiros a ligar foram Franklin Martins e a própria Dilma.

“O presidente nem precisa se preocupar com isso. O que ele deve fazer é, na primeira oportunidade, dizer que o PMDB faz o que achar que deva fazer”.
A Franklin, ministro da Comunicação Social, Temer contou uma passagm da biografia de Ulysses Guimarães.
Disse que João Cunha, um antigo deputado do PMDB, costumava atacar Ulysses pelos jornais e, depois, o procurava no gabinete para fazer-lhe juras de amor.
Abespinhado, Ulysses deu um conselho ao desafeto:
“Olha, João, vamos inverter esse processo. Você agora vai falar bem de mim para a imprensa e só fala mal aqui comigo, no gabinete”.

Lula dissera a Temer que ele era o melhor nome para a vice. E o deputado ponderara que se deveria consolidar primeiro a aliança e, só depois, definir o vice.
Ainda na sexta, tocaram o telefone para Temer os ministos Alexandre Padilha (Coordenação Política) e Tarso Genro (Justiça).
No sábado, ligou o ministro Edison Lobão (Minas e Energia), mencionado no noticiário como uma das alternativas de vice do PMDB.
“Lobão, você é o meu vice”, disse Temer, depois do alô. E Lobão: “Que é isso, Temer! Você já está escolhido”.
Neste domingo (13), telefonou José Sarney, o chefe político de Lobão. Tentou explicar a Temer o contexto em que se dera a declaração de Lula.

Coisa voltada para a disputa do governo do Maranhão, Sarney explicou a Temer. Que Lula teria entendido como movimento pela viabilização de Lobão como vice.
Sobreveio, segundo Sarney, a pergunta dirigida a Lula numa entrevista radiofônica: Temer ou Lobão?, eis o miolo do enunciado.
Foi quando Lula, em timbre acomodatício, saiu-se com o trololó da lista tríplice. Temer mastigou as explicações. Mas não parece tê-las engolido.
O que mais causou incômodo a Temer foi o fato de a frase de Lula ter chegado num instante em que enfrenta o que chama de “infâmia”.
Refere-se à declaração, feita num dos vídeos do escândalo de Brasília, por Alcyr Colaço, dono de um jornal obscuro da Capital.
Na cena, Colaço inclui o nome de Temer numa lista de supostos beneficiários dos panetone$ do governador José Roberto Arruda.
Na tarde de domingo, durante a convenção em que Orestes Quércia foi reeleito presidente do PMDB-SP, Temer recebeu solidariedade irrestrita.
Até Roberto Requião, que esteve em São Paulo para desfilar como presidenciável do PMDB, contra o acordo pró-Dilma, defendeu-o enfaticamente em discurso.
Aos jornalistas, Temer disse que a frase de Lula não foi feliz. Sobre a “infâmia” de Colaço, declarou:
"Não seria agora, depois de mais de 35 anos de vida profissional e universitária e de 30 anos de vida pública...”
“...Que eu iria permitir que um estelionatário já condenado pela Justiça de São Paulo monte um vídeo para tentar acusações contra o presidente nacional do PMDB".
À noite, em privado, o deputado repisou a amigos seu entendimento de que, nesse contexto, uma manifestação de Lula tornou-se incontornável.
Não faz questão do telefonema do presidente. Prefere que ele desdiga o que disse no Maranhão em público.
Escrito por Josias de Souza às 04h39
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