MINISTRO DIZ SER A OPÇÃO PARA MINAS
SOU O MELHOR NOME PARA O PT |
Leandro Mazzini Luciana Abade BRASÍLIA |
Jornal do Brasil - 08/02/2010 Tendo o Bolsa Família como reforço de campanha, o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, diz em entrevista ao JB que é o melhor nome para unir o PT na disputa pelo governo de Minas Gerais. ![]() Num claro embate com o colega Fernando Pimentel pela candidatura do PT ao governo de Minas Gerais, Patrus diz que é o quadro que unifica as esquerdas À frente de um dos principais programas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, reforça que é candidato ao governo de Minas Gerais, considerase o nome mais viável para formar os palanques da base e diz que lutará até o seu limite para fazer o PT levar seu nome à cédula. Sua saída do ministério dentro do prazo do calendário eleitoral, no entanto, depende das articulações do presidente Lula e de o PT de Minas fazer prévias para lançar ou não um nome ao Executivo. Nesta entrevista ao JB, como bom mineiro, evita falar de rusgas internas com outro petista, Fernando Pimentel. E acredita que, em algum momento, os partidos da base governista – inclusive o PMDB – vão se unir. A prioridade, agora, é conversar, e muito. Consolidado e com resultados significativos, o senhor teme que o Bolsa Família seja extinto diante de eventual derrota do PT na campanha presidencial? – Alguns setores da oposição, minoritários, não aceitam o Bolsa Família. Agora, as pessoas mais sensíveis às exigências da justiça social como fator fundamental para a soberania e o desenvolvimento, cada vez mais acolhem. No fim do ano passado nós conseguimos aprovar no Congresso Nacional três projetos de lei de interesse do ministério, no sentido inclusive de dar ao ministério condições de trabalhar melhor, e foi com o apoio da oposição. E também há o fato de nós estarmos trabalhando em uma linha republicana, com governos estaduais e municipais de todos os partidos. Mas o programa, do ponto de vista legal, carece de algumas questões. O reajuste seria uma delas? – Por exemplo, não prevê critérios de reajuste e esse é um ponto importante. Nós estamos trabalhando também sempre na perspectiva de aperfeiçoar o programa. Estamos, neste momento, trabalhando intensamente em algumas propostas que vamos levar ao presidente Lula no sentido de aperfeiçoar o programa e dar a ele um embasamento jurídico maior. A notícia de uma norma que deixa a dos gestores municipais o prazo de validade do benefício é sinal de descentralização do programa? – O programa nasceu com essa característica, é descentralizado. O cadastro é da responsabilidade das prefeituras. Qual é a nossa avaliação? As prefeituras existem, os prefeitos e os vereadores são eleitos pelo povo, têm responsabilidades constitucionais. Por isso o ministério trabalha com um número muito reduzido de funcionários – 1.400. Nós trabalhamos em parceria com os governos estaduais e sobretudo municipais. O programa e o cargo deram visibilidade ao senhor. É fato que o senhor é candidato ao governo de Minas. Mas é fato que o PT vai ter candidato ao governo? – Eu trabalhocomessa perspectiva. Qual é o meu projeto? Quero governar Minas Gerais, e me considero preparado para isso, acho que é um bom momento. A experiência que nós tivemos, muito exitosa, reconhecida nacional e internacionalmente, na prefeitura de Belo Horizonte, é uma experiência de gestão muito eficaz e efetiva, com dimensão social muito forte. Então eu quero governar Minas não por uma questão pessoal, é um projeto coletivo. Nunca fiz política sozinho. Fui estimulado a lutar pela candidatura, venho recebendo manifestações, inclusive de fora do PT. Quero, estou convencido, em sintonia com o presidente Lula, com a direção nacional do PT, que é importante buscar uma aliança com os partidos da base de sustentação do presidente, até para fazer um palanque forte para a candidatura da Dilma Rousseff em Minas. O PMDB é um parceiro fundamental nesse processo. O PMDB também não abre mão de candidatura. – Está todo mundo buscando o seu espaço, é legítimo isso. Vai ter um momento em que vai ter que se avaliar qual é a candidatura que está mais sintonizada com o momento histórico. Quem tem experiência de campanha política vai sentir para onde os ventos estão soprando, qual é a candidatura com maior potencial de unidade, de ampliação. Acredita que o PT e o PMDB podem ser aliados? – Acho que sim, trabalho com essa perspectiva, é desejável. ![]() O fato de o Fernando Pimentel ter se aproximado do governador Aécio Neves (PSDB) rachou o partido? – Não quero voltar a esse assunto até por apreço ao prefeito Márcio Lacerda (PSB) com quem tenho uma relação construtiva. É assunto que pretendo superar. Mas acho que isso tudo foi um processo que não foi o melhor. Muitas pessoas que participaram dele, junto com o ex-prefeito (Pimentel), hoje fazem uma clara autocrítica, porque não foi um processo consensual. O vicepresidente José Alencar (PRB) não foi consultado, o PMDB foi excluído, foi excluído o ministro Hélio Costa, nós fomos excluídos, militantes e lideranças históricas do PT. Agora é hora pensar para o futuro... Como ministro próximo do presidente Lula e à frente de uma pasta importante, não esperava um apoio mais claro dele? – Achoquenão.Oprocessopolítico em Minas tem muitas sutilezas. Acho que a postura do presidente tem sido muito serena, equilibrada. Por outro lado ele tem uma extraordinária liderança que nós todos respeitamos. Estamos juntos há mais de 30 anos. Aprendi a respeitar muito a intuição política do presidente, a sua capacidade de criar coesão, vislumbrar caminhos. Nós todos temos que nos unir em torno da candidatura da ministra Dilma. Mas acho que está muito correta a posição dele. A de esperar a escolha do PT e, aí sim, apoiar. – Se for caso também, no momento correto,. O Pimentel também é pré-candidato. O senhor consegue vencê-lo dentro do PT? – Defendoqueesseprocessoseja resolvido através de prévia. Nós construímos um partido democrático, é um partido que valoriza muito a sua base, os seus filiados, os seus militantes. Eu não entendo, efetivamente, por que o outro pretendente, dentro do PT, não quer prévia. Certamente porque há uma percepção de que é um processo em que eu teria mais condições de ganhar. É meio histórico dentro do PT, tenho uma militância intensa, disputei seis eleições. Como isso será resolvido? – Teria que ser uma prévia ética, transparente. Acho que é o melhor caminho e fico preocupado mesmo que o outro lado não esteja considerando esse caminho e apostando numa falta de caminhos. Infelizmente não há nenhum procedimento nesse sentido. Não há nenhum retorno aos nossos pleitos. Eu tenho sido procurado, tenho tido muitas e boas conversas com apoiadores do Pimentel. Sinto que as principais lideranças, as pessoas que têm realmente compromisso histórico com o partido, estão preocupadas no sentido de que a gente encontre um caminho. O senhor está magoado com o Pimentel? – De jeito nenhum, tenho a relação com ele preservada. Acredito na democracia, acho que é legítimo. Mas teme que ele o atropele novamente, como ocorreu nas eleições municipais? – Não é questão de atropelar, mas tem que buscar um consenso, um caminho. O primeiro caminho seria a prévia, é do estatuto do PT. Quem ganhar, ganhou, com critérios claros. É claro, para ter prévia, tem que ter o aceite da outra parte. Não vamos transformála em mais uma disputa, tem que ser pactuada. O senhora abrirá mão da candidatura por um palanque amplo da base? – Sou candidato ao governo de Minas neste momento. Seria candidato ao Senado? – Nesse momento, não. Claro que dentro dos princípios éticos, considerando as responsabilidades que eu tenho com o PT, com o presidente Lula, com a candidatura da Dilma, estou empenhado em viabilizar minha candidatura. Estou convencido de que sou o melhor nome para unificar o PT em Minas, para unificar as esquerdas. Tenho um diálogo muito bom com o PMDB e com outros partidos da base. Sou candidato ao governo, não trabalho com outro cenário, até porque o Poder Executivo me motiva muito mais, me sinto uma pessoa realizada. Acho que sou o melhor nome, mas a democracia tem disso, você tem que acertar com a vontade dos outros também. É a famosa expressão do Garrincha: “Tem que combinar com os russos”. Então tenho que combinar com os outros, também. Eu quero ser o candidato, mas se no limite, contrariando as minhas expectativas, eu não for o candidato, vou considerar com muito carinho, se for esse o desejo do presidente Lula, realmente continuar aqui no ministério. (Colaborou João Batista Araújo) Aprendi a respeitar muito a intuição política do presidente, a sua capacidade de criar coesão, vislumbrar caminhos. Eu quero governar Minas Gerais não poruma questão pessoal, é um projeto coletivo. Nunca fiz política sozinho. “Tem que se buscar um consenso. O primeiro seria a prévia, é do estatuto do PT. Quem ganhar, ganhou, com critérios claros. Perfil Patrus Ananias de Sousa Nasceu em Bocaiúva (MG), em 1952. Formado em direito na UFMG, iniciou vida política no Centro Acadêmico. É um dos fundadores do PT. Foi eleito vereador em Belo Horizonte em 1983 e foi prefeito de 93 a 96. Em 2002 foi eleito deputado federal com 520 mil votos. Assumiu o ministério em 2004. É doutorando em filosofia, tecnologia e sociedade pela Universidad de Madrid. |
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