PSDB age para explorar apagão em 2010; PT tenta enterrar assunto já
Divididos, tucanos ainda discutem incluir caso em inserções de TV, mas Planalto aposta que vão manter o tema aceso
Clarissa Oliveira e Julia Duailibi
O apagão que deixou 18 Estados sem energia elétrica na terça-feira passada trouxe um elemento novo para o debate eleitoral de 2010 e deflagrou no PSDB e PT uma corrida para traçar as respectivas estratégias de ataque e defesa. Nos dias que sucederam ao blecaute nas áreas abastecidas pela usina de Itaipu, os partidos encomendaram pesquisas, iniciaram levantamentos sobre os investimentos e deficiências na rede e até começaram a debater a transformação do episódio em tema para a propaganda partidária.
Na sexta-feira, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumia a linha de frente de um plano para esvaziar o debate sobre o blecaute, o PSDB discutia discretamente a exploração das inserções da sigla no rádio e na TV, que vão ao ar a partir de terça-feira.
O programa - que antes do apagão focava os presidenciáveis do partido, os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves - está a cabo do marqueteiro mineiro Eduardo Guedes, que já havia praticamente concluído o primeiro filme.
No PSDB, há divergências sobre a forma de explorar o episódio - no governo Fernando Henrique Cardoso, o País passou não só por dois apagões, em 1999 e 2001, como sofreu racionamento de energia. Setores da sigla - principalmente os ligados a Serra e Aécio - defendem ponderação na discussão. Outros avaliam que é um prato cheio para desmontar a fama de boa administradora que o PT tenta colar em sua pré-candidata ao Planalto, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Ainda assim, líderes e estrategistas tucanos são uníssonos em dizer que se deve, sim, criticar a resposta dada pelo governo. "Se o fato foi ruim, a resposta foi deplorável", afirmou o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). A avaliação é que a equipe de Lula deu respostas contraditórias, além de infelizes, como o caso do "microproblema" dito pelo ministro da Justiça, Tarso Genro. Some-se a isso o "sumiço" de Dilma no dia seguinte, que tucanos compararam ao desaparecimento do ex-presidente americano George W. Bush, após os ataques de 11 de setembro.
Em meio ao mal-estar que tomou conta do governo por causa da indefinição das causas do blecaute, o Planalto e o PT não têm dúvidas de que tucanos farão de tudo para manter o assunto aceso - petistas não descartam como contra-ataque a exploração do acidente no Rodoanel, na sexta-feira. Lula avisou a auxiliares que quer pressa no esclarecimento do caso e reclamou das declarações minimizando o corte de energia. Ele avalia que o melhor é deixar claro que não se trata de uma crise no abastecimento e sim de um problema pontual, que apesar de não comprometer a estrutura do sistema é extremamente incômodo para a população.
Desde que não haja surpresas, a avaliação é a de que os discursos da oposição perderão força em algumas semanas. A partir daí, a comparação entre o apagão de terça-feira e o apagão tucano seria mais prejudicial do que benéfica para o PSDB. "Comparar o que aconteceu no governo deles, um problema cujo impacto socioeconômico se arrastou por um ano e meio, com esse evento, é no mínimo positivo para nós", diz o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).
Alguns petistas admitem que nem tudo saiu como esperado. Avaliam que Dilma exagerou na agressividade na entrevista em que falou pela primeira vez no tema. Mas se ela errou na forma, acertou no conteúdo, garantem aliados. Ainda assim, a oposição fala em usar as declarações para mostrar uma Dilma "arrogante" e que se "descontrola" sob pressão.
MUNIÇÃO
O PSDB contrata mensalmente pesquisas do Instituto Análise, com o sociólogo Alberto Carlos Almeida. O trabalho de campo geralmente ouve 1.000 pessoas. O tema do apagão entrará na sondagem deste mês e as respostas servirão de subsídio para uma outra decisão: se o PSDB abordará o episódio no seu programa nacional, de 10 minutos, que vai ao ar no dia 13 de dezembro.
Se os tucanos insistirem no assunto, o PT partirá para o ataque. Além de não descartar uma mudança em suas próprias inserções, que vão ao ar na primeira semana de dezembro, a sigla fala em propor a criação de uma comissão na Câmara, para debater o setor elétrico. "Toda discussão sobre economia e infraestrutura é boa para nós", diz o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel.
Por mais que os tucanos queiram evitar as comparações entre as gestões Lula e FHC, não será fácil escapar da guerra sobre os investimentos no setor elétrico. "Foi um blecaute de gestão que revela inépcia desse governo", declara o deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas. Segundo a ONG Contas Abertas, a média de investimento nos últimos três anos do governo tucano alcançou R$ 5,1 bilhões, contra R$ 3,6 bilhões nos sete anos do governo Lula.
Na sexta-feira, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumia a linha de frente de um plano para esvaziar o debate sobre o blecaute, o PSDB discutia discretamente a exploração das inserções da sigla no rádio e na TV, que vão ao ar a partir de terça-feira.
O programa - que antes do apagão focava os presidenciáveis do partido, os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves - está a cabo do marqueteiro mineiro Eduardo Guedes, que já havia praticamente concluído o primeiro filme.
No PSDB, há divergências sobre a forma de explorar o episódio - no governo Fernando Henrique Cardoso, o País passou não só por dois apagões, em 1999 e 2001, como sofreu racionamento de energia. Setores da sigla - principalmente os ligados a Serra e Aécio - defendem ponderação na discussão. Outros avaliam que é um prato cheio para desmontar a fama de boa administradora que o PT tenta colar em sua pré-candidata ao Planalto, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Ainda assim, líderes e estrategistas tucanos são uníssonos em dizer que se deve, sim, criticar a resposta dada pelo governo. "Se o fato foi ruim, a resposta foi deplorável", afirmou o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). A avaliação é que a equipe de Lula deu respostas contraditórias, além de infelizes, como o caso do "microproblema" dito pelo ministro da Justiça, Tarso Genro. Some-se a isso o "sumiço" de Dilma no dia seguinte, que tucanos compararam ao desaparecimento do ex-presidente americano George W. Bush, após os ataques de 11 de setembro.
Em meio ao mal-estar que tomou conta do governo por causa da indefinição das causas do blecaute, o Planalto e o PT não têm dúvidas de que tucanos farão de tudo para manter o assunto aceso - petistas não descartam como contra-ataque a exploração do acidente no Rodoanel, na sexta-feira. Lula avisou a auxiliares que quer pressa no esclarecimento do caso e reclamou das declarações minimizando o corte de energia. Ele avalia que o melhor é deixar claro que não se trata de uma crise no abastecimento e sim de um problema pontual, que apesar de não comprometer a estrutura do sistema é extremamente incômodo para a população.
Desde que não haja surpresas, a avaliação é a de que os discursos da oposição perderão força em algumas semanas. A partir daí, a comparação entre o apagão de terça-feira e o apagão tucano seria mais prejudicial do que benéfica para o PSDB. "Comparar o que aconteceu no governo deles, um problema cujo impacto socioeconômico se arrastou por um ano e meio, com esse evento, é no mínimo positivo para nós", diz o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).
Alguns petistas admitem que nem tudo saiu como esperado. Avaliam que Dilma exagerou na agressividade na entrevista em que falou pela primeira vez no tema. Mas se ela errou na forma, acertou no conteúdo, garantem aliados. Ainda assim, a oposição fala em usar as declarações para mostrar uma Dilma "arrogante" e que se "descontrola" sob pressão.
MUNIÇÃO
O PSDB contrata mensalmente pesquisas do Instituto Análise, com o sociólogo Alberto Carlos Almeida. O trabalho de campo geralmente ouve 1.000 pessoas. O tema do apagão entrará na sondagem deste mês e as respostas servirão de subsídio para uma outra decisão: se o PSDB abordará o episódio no seu programa nacional, de 10 minutos, que vai ao ar no dia 13 de dezembro.
Se os tucanos insistirem no assunto, o PT partirá para o ataque. Além de não descartar uma mudança em suas próprias inserções, que vão ao ar na primeira semana de dezembro, a sigla fala em propor a criação de uma comissão na Câmara, para debater o setor elétrico. "Toda discussão sobre economia e infraestrutura é boa para nós", diz o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel.
Por mais que os tucanos queiram evitar as comparações entre as gestões Lula e FHC, não será fácil escapar da guerra sobre os investimentos no setor elétrico. "Foi um blecaute de gestão que revela inépcia desse governo", declara o deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas. Segundo a ONG Contas Abertas, a média de investimento nos últimos três anos do governo tucano alcançou R$ 5,1 bilhões, contra R$ 3,6 bilhões nos sete anos do governo Lula.
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