Serra, Aécio, Ciro, o aceitável e o inaceitável
Blog Reinaldo Azevedo segunda-feira, 16 de novembro de 2009 | 19:03O governador Aécio Neves está em Maceió. Concedeu entrevista em que afirma que é pré-candidato à Presidência, que defende a realização de prévias, que a definição tem de sair o mais tardar até janeiro, que quem lidera as pesquisas não é necessariamente quem tem mais condições de agregar apoios — em 2006, essa tese também foi bastante forte no PSDB… — e que não aceita ser vice de jeito nenhum: ou é candidato à Presidência ou se dedica, como diz, a Minas, disputando a eleição para o Senado.
Até aí, tudo bem. Ninguém pode impedi-lo de fazer política. Ele tem o direito — e credenciais para — de tentar disputar a Presidência. Se o primeiro embate é no partido, tem de fazer o seu jogo. Pode-se argumentar que, dada a força do adversário, a unidade seria a melhor saída. Mas ele acha que não. E quem tem os votos que tem é ele. Se pode ampliá-los e vencer a disputa, bem, aí é outra conversa.
Vista a situação de fora, pois, compreende-se a sua movimentação. Agora entremos um pouco na economia interna do partido. Aécio considera que a sua maior qualidade, no confronto com o adversário interno, é a capacidade de agregar mais apoios. Quais apoios? O PMDB? O PMDB abandonaria os cargos que tem no governo para ceder seu tempo na propaganda eleitoral a Aécio? Quem acredita nisso? É possível que tenha o apoio de direções regionais dissidentes. Tanto ele como Serra podem contar com isso.
Mas Aécio falou de outra figura: Ciro Gomes. Ele vai se encontrar com o deputado federal ex-cearense (PSB) amanhã. Mais um encontro. Estiveram junto há pouco mais de um mês.
Disse o governador: “Nem sempre o fato de estar à frente das pesquisas quer dizer tudo. É importante também que o partido observe qual o candidato que agrega um maior leque de apoios e alianças. Tenho muita aproximação com o Ciro, vou me encontrar com ele esta semana e fazer o convite para que ele marche conosco nessa luta rumo à presidência”.
Ciro tem uma idéia fixa: o governo FHC é responsável por todas as desgraças que aconteceu no Brasil. Ele não esconde isso. Não sou eu que lhe atribuo esse pensamento. Ele o diz com clareza. Considera o ex-presidente uma figura desprezível da política. Outro inimigo jurado é o próprio Serra, que, afirma, seria a retomada do “desastroso” governo FHC. Certamente não é com essa parte das idéias de Ciro que Aécio se alinha. Ou é?
Serei muito frio e objetivo.
1: digamos que o PSDB escolha Aécio;
2: digamos que Ciro renuncie à própria pré-candidatura (DUVIDO QUE VÁ SE CANDIDATAR; ACHO QUE ELE DISPUTA O GOVERNO DE SP);
3: digamos que ele dispute o governo de São Paulo contra… Serra.
1: digamos que o PSDB escolha Aécio;
2: digamos que Ciro renuncie à própria pré-candidatura (DUVIDO QUE VÁ SE CANDIDATAR; ACHO QUE ELE DISPUTA O GOVERNO DE SP);
3: digamos que ele dispute o governo de São Paulo contra… Serra.
Qual é o cenário idealizado? Ciro ataca Serra em São Paulo, apoiando, no entanto, Aécio, que também buscaria o apoio do governador paulista? Sejamos mais ousados: digamos que o mineiro queira Ciro para vice: o titular encarnaria o PSDB, enquanto seu vice seria o antitucano, é isso? Enquanto Aécio prometeria amanhãs radiantes, Ciro esconjuraria as desgraças do partido daquele que ele gostaria de ver na Presidência? Aécio, ainda que moderadamente, teria de lembrar que seu partido trouxe a estabilidade ao país — mas o vice diria: “Mentira! Quebrou o país!”.
O que essa aliança com Ciro quereria dizer? Que Aécio consegue agregar apoios, ainda que rache ao meio o próprio partido? Isso é agregação? Ninguém aposta cinco centavos na possibilidade de Ciro romper com o petismo — ainda que um rompimento amigável, só para disputar eleição. E Aécio não é burro. Não mesmo! Sabe disso. A única razão que explica a sua aproximação com Ciro é tentar fragilizar o adversário interno por meio de uma provocação.
Vocês sabem quantos são os articulistas que dão a vitória de Dilma Rousseff como certa, como fatal, como inexorável. E os puxadores de saco do lulo-petismo costumam dizer que é por causa das qualidades evidentes do governo. Bem, ainda que assim fosse, cumpriria agregar aí os desastres que a própria oposição costuma protagonizar.
É verdade que falar em “oposição”, no singular, como bloco, não deixa de ser impróprio. Às vezes, tem-se a impressão de que há tantas oposições quantas são as pretensões pessoais de cada líder. Digamos que essa aproximação, ou como se chame, com Ciro seja um fator lateral, mínimo, de uma eventual desestabilização da pré-candidatura Serra e que o conjunto venha a convergir na escolha de Aécio… O que os vitoriosos devem esperar nesse caso? O apoio entusiasmado de Serra? Por quê?
Em política, há os métodos aceitáveis de disputa e os inaceitáveis. Em novembro de 2005, a oposição vivia exatamente esta quadra. Vencia a disputa com folga. Tenho inúmeros textos demonstrando como fazia de tudo para sabotar as proprias possibilidades. Em fevereiro, Lula já estava na frente. E muitos disseram: “Esse cara é bom mesmo!!!”
PS - E que não me venham alguns com histórias como: “Aécio é obrigado a ser inimigo de Ciro só porque o ex-cearense é inimigo de FHC e Serra?” A questão não é pessoal. Ciro não reconhece o trabalho essencial, vital, que o partido de Aécio fez para estabilizar a economia do país e, pois, é um dos que endossam a mistificação lulista. NÃO SE TRATA DE DISPUTAR ELEIÇÃO COM OS OLHOS DO FUTURO OU NO RETROVISOR. Trata-se de disputar as eleições com os olhos na verdade ou na mentira.
Eu não voto em Serra porque ele nao honrou a sua palavra enquanto estava na Prefeitura. Ele disse que nao largaria a Prefeitura sob hipotese nenhuma. Se ele nao honra a palavra dele porque irei votar nele. O que ele diz nao vale. Por isso vou com Aécio Neves
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