Lula para Lobão: ‘No tempo da Dilma não tinha isso’
Antônio Cruz/ABr
Lula coordenava uma reunião, em seu gabinete, no instante em que 18 Estados foram desligados da tomada na semana passada.
Lula coordenava uma reunião, em seu gabinete, no instante em que 18 Estados foram desligados da tomada na semana passada.
Discutia-se no encontro a repartição dos royalties das jazidas do pré-sal.
Um ajudante de ordens entrou na sala. Entregou ao presidente uma folha de papel.
Lula devorou o texto em silêncio. Depois, socializou o conteúdo aos presentes.
O presidente leu em voz alta o documento que informava sobre o breu. E a prosa mudou de rumo.
— Que porra é essa, Lobão?
O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) não soube responder.
— Me dê um minutinho, presidente.
Lobão retirou-se da sala. Deixou atrás de si vários rostos circunspectos.
Entre eles os semblantes de dois governadores: Sérgio Cabral (RJ) e Paulo Hartung (ES).
Além da dupla, testemunharam a cena líderes do Congresso.
Dilma Rousseff não estava. Mandara Erenice Guerra, a segunda da Casa Civil.
Decorridos menos de cinco minutos, Lobão retornou ao gabinete de Lula.
Informou que havia ocorrido problemas nas linhas de transmissão.
Situou a encrenca em cidades próximas a Itaipu, cujas turbinas se desligaram.
Atribuiu a escuridão, já nesse primeiro momento, a intempéries climáticas. E Lula, de bate-pronto:
– Não me venha com esse papo de clima. Não acredito nisso.
Lobão acrescentou que, antes de melhorar, a coisa iria piorar.
O blecaute chegaria ao Rio, disse. Cabral saltou da cadeira.
O governador pendurou-se ao telefone celular.
O ministro assegurou a Lula que a luz voltaria em, no máximo, quatro horas.
Depois de disparar um par de ligações, Cabral relatou a Lula as providências que adotara.
Contou que fizera contato com a Secretaria de Segurança Pública do Rio.
Determinara que a polícia fosse às ruas, para coibir a ação de criminosos.
De resto, conversara com o prefeito da capital carioca, Eduardo Paes.
Encarecera que também a guarda municipal fosse ao meio-fio.
— Ô, Lobão, no tempo da Dilma não tinha isso.
Quem testemunhou a cena conta que Lula falou em timbre jocoso.
Algo que não impediu, nos dias seguintes, a troca de farpas entre petês e pemedebês.
A presidenciável do PT ocupou a pasta do ministro de Sarney entre 2003 e 2005.
Atribui-se a Dilma a reorganização do sistema elétrico na fase pós-apagão-FHC.
Antes de dar por encerrada a reunião, Lula dirigiu-se, de novo, a Lobão, dessa vez a sério.
— Vou pra casa dormir. Se a situação não se normalizar, quero que me telefone. Meu celular vai estar ligado.
O ministro tocou para o chefe pouco antes das duas da madrugada de quarta (11).
Reiterou a previsão. Ao amanhecer, o fornecimento de luz estaria integralmente normalizado.
E quanto às causas? Lobão repisou o lero-lero das chuvas, ventos e raios.
A semana terminou com uma ordem de Lula: quer pressa na apuração.
Escrito por Josias de Souza às 06h25
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