A melhor amiga de Erenice insiste: não há como controlar a roubalheira na sala ao lado
“Ninguém controla o governo inteiro”, repetiu no Jornal Nacional desta segunda-feira Dilma Rousseff, ainda agarrada à versão tão convincente quanto um sorriso de Marco Aurélio Garcia: uma chefe da Casa Civil não consegue enxergar uma quadrilha em ação na sala ao lado. A roubalheira promovida pela turma da melhor amiga Erenice Guerra correu solta, mas Dilma descobriu só agora que qualificou de “factoide” um balaio de crimes capitulados no Código Penal.
“Estou indignada”, informou com a voz de quem está ensaiando a Ave Maria. A indignação não tem nada a ver com as patifarias do sobrinho honorário Israel Guerra, nem com as negociatas envolvendo os Correios, a Anac e a Infraero, muito menos com a transformação da Casa Civil em covil. O que a deixa irritada é nepotismo.
“A Erenice errou”, disse. “Erro”, como ensina o Mestre Lula, é um crime cometido por bandidos de estimação. E Dilma sempre fez questão de expor publicamente a especial estima devotada à figura que indicou para substituí-la no ministério mais importante da República. Ao despedir-se do cargo para dedicar-se à campanha presidencial, como mostra o vídeo, ela deixou o Planalto de braços dados com Erenice. A demonstração de afeto ficou com jeito de coisa de comparsa.
William Bonner quis saber o que produziu a mais recente conversão protagonizada por Ciro Gomes. Ainda outro dia, o companheiro do Ceará achava que José Serra está muito mais preparado que Dilma para assumir a Presidência, que o PMDB é um “ajuntamento de assaltantes” e que o candidato a vice Michel Temer é “o chefe da turma”. Como é que virou coordenador da campanha da aliança governista?
“O Ciro ficô magoado pela circunstância que levô ele a não sê candidato”, respondeu Dilma. Simples assim. Amainado o chilique, Ciro entendeu que quem não tem preparo é o outro, que o PMDB é um exército de voluntários da pátria e que Temer sempre serviu aos interesses da nação.
Ao saber que o tempo da entrevista estava no fim, fingiu que queria mais. Está na hora de ter o desejo atendido por José Serra num debate na TV.
Augusto Nunes
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