"Ninguém governa no lugar de ninguém", diz Serra em relação à declaração de Dilma
Rayder Bragon
Do UOL Eleições
Em Belo Horizente
Em Belo Horizente
O presidenciável tucano José Serra criticou neste sábado (30), em Belo Horizonte, a adversária Dilma Rousseff (PT) ao afirmar que “ninguém governa no lugar de ninguém”. Ele foi questionado sobre declaração da petista, que neste sábado também fez ato de campanha na capital mineira, e afirmou que, caso eleita, teria uma relação muito “íntima e forte” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que “ninguém neste país vai me separar do presidente Lula”.
“A gente sabe que ninguém governa no lugar de ninguém. A gente sabe que quem é eleito é que governa. Não existe governo terceirizado. Não é nem um problema de que é ruim ou é bom, mas não existe na história da humanidade, na história do Brasil e no presente, no mundo inteiro”, disse o candidato em entrevista coletiva no Palácio das Mangabeiras, residência oficial do governo mineiro, após participar de uma carreata.
Ladeado pelo ex-governador Aécio Neves (PSDB), recém-eleito senador pelo Estado, Serra ainda aproveitou para dizer que vai administrar o país, caso eleito, sem discriminar os governadores eleitos por partidos adversários. "Eu sempre tratei vereadores, deputados e senadores com isonomia. Eu, como governador, atendia a deputados do Psol da mesma maneira que parlamentares do meu partido.
O presidenciável participou de uma carreata que se iniciou no fim da manhã no bairro Mangabeiras, Zona Sul de Belo Horizonte, e terminou no Bairro Savassi, na região Centro-Sul da Capital.
“Estou muito confiante, agora a decisão é do povo. (...) Eu estou, do fundo da alma, confiante”, disse Serra ao ser perguntado sobre uma possível reviravolta na antevéspera da votação do segundo turno.
Ao final da carreata, em cima de um jipe e após ouvir a execução do hino nacional, Serra abraçou o governador reeleito de Minas Gerais, Antônio Anastasia (PSDB), e o ex-presidente da República Itamar Franco (PPS), também eleito senador. Em seguida, deu outro abraço, desta vez mais demorado, em Aécio Neves, que retribuiu com um beijo.
“Foi um abraço emocionado a três homens que encarnam Minas Gerais. (...) foi uma coisa muito boa”, avaliou Serra, referindo-se à carreata. Ele ainda assistiram a vídeo no qual o jurista Hélio Bicudo fez duras críticas ao governo Lula.
Serra ainda afirmou não ter mudado o seu perfil político, ao fazer comparação entre a campanha de 2002, quando foi derrotado por Lula, e a atual.
“O que eu vi, na verdade, foi uma continuidade grande entre o que eu disse naquele momento e o que eu penso hoje e disse ontem (no debate da TV Globo). (...) As pessoas que ainda não decidiram o seu voto, estão longe de achar que nós estamos em um país que não tem problema de segurança, de moradia, de lentidão de obras. É como se tivéssemos dois Brasis, um Brasil da publicidade e um Brasil real”, disse relembrando que as pessoas que participaram do debate na Globo e fizeram perguntas aos candidatos “passaram um retrato vivo do Brasil”.
“Eu até deixei de enfatizar um ponto (durante o debate): o do loteamento político e da distribuição de cargos por partidos. Eu sempre me pergunto por que entregar a diretoria financeira de uma empresa pública a um partido? (...) Para colaborar com o desenvolvimento do país? Eu não creio. Eu acho que é para obter vantagens”, declarou Serra, que avaliou ser isso o que mais “empurrou o Brasil na ladeira da improbidade nesses últimos anos”.
Instado sobre qual momento da campanha teria ficado mais emocionado, o tucano elencou discurso feito em São Paulo, ao final de debate do qual ele disse não se lembrar, e da carreata feita hoje em Belo Horizonte. “É uma pena que a fome não me permitiu prolongar a emoção”, brincou o candidato.
Aécio Neves
O recém-eleito senador por Minas Gerais Aécio Neves aproveitou o mote de campanha de adversários de Anastasia, na eleição estadual, para pedir votos a Serra. Na campanha estadual, o então candidato Hélio Costa (PMDB) afirmara que o Estado deveria ter um governador “afinado” com o presidente da República. No caso, ele vislumbrava a sua vitória e a de Dilma Rousseff.
“Eu quero dar aos nossos adversários oportunidade de serem coerentes com o seu discurso, já que Minas escolheu, por ampla maioria, deem a Minas o privilégio de ter um presidente sintonizado com ele (Anastasia)”.
Aécio ainda disse ter “tido privilégio de compartilhar os últimos instantes da campanha ao lado de José Serra”. Em relação ao presidente Lula, o ex-governador voltou a dizer que Lula, em alguns momentos, “foi além de onde precisaria ir”.
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