Mais de meio século de corrupção disseminada
Justiça não atinge os beneficiários, diz procuradora

"Não. No Brasil, nós temos a corrupção largamente entranhada em vários setores do Estado. Em 1958, Nelson Hungria, quando fez análise do Código Penal de 1940, ainda em vigor, anotou que já naquela época a corrupção estava disseminada no Estado. Ele dizia: a Justiça é lenta, não atinge mandantes, nem os verdadeiros beneficiários da corrupção. Ela só tem conseguido alcançar os executores e intermediários. Temos de aprimorar a atuação judicial para que ela seja célere e também responsabilize os mandantes e os verdadeiros beneficiários da corrupção".
Sobre a qualidade da prova produzida pela Polícia e pelo Ministério Público:
"Precisamos melhorar muito. A prescrição penal ainda é um dos grandes fatores de arquivamento de investigações e, portanto, um dos grandes fatores de impunidade. Há demora na elaboração do inquérito. Mas precisamos também melhorar a qualidade da prova pericial e documental para que as condenações dependam menos das provas testemunhais. Hoje é um fardo enorme para o brasileiro ser testemuna de algum crime. Nós precisamos equilibrar isso, melhorando a qualidade dos documentos e das perícias que são feitas nas investigações".
(*) Responsável pelas investigações da Operação Caixa de Pandora, que levaram à prisão do governador José Roberto Arruda (DEM-DF), Raquel Dodge coordena a 2ª Câmara do Ministério Público Federal, responsável pelas matérias criminais e pelo controle externo da atividade policial.
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