PRESIDENTE DO DEM HAVIA DENUNCIADO OPERAÇÃO CEF-PANAMERICANO HÁ UM ANO!
Trechos do artigo do Presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia, no Globo de 29/11/2009:
1. Em janeiro passado, registrei no GLOBO um "negócio estranho" - a compra de 49,9% do Banco Votorantim pelo Banco do Brasil. Agora, a Caixa Econômica apresenta seu "negócio estranho-2", série de operações em que o governo Lula aplica o paradoxal modelo petista de ocupação do Estado: grupos privilegiados do setor privado ficam com os lucros e o governo assume os prejuízos. Se a transação for confirmada, desta vez empregará R$ 750 milhões (que podem chegar a R$ 800 milhões, segundo a agência Reuters) na aquisição de uma parte do Banco Panamericano, que já cedeu à própria Caixa mais de um terço da sua carteira, numa evidente operação de socorro.
2. Então, de repente, esse mesmo Banco Panamericano passará da condição de instituição debilitada e, portanto, socorrida, a sócio ultravalorizado da Caixa. Sim, porque não haverá uma aquisição de ativos por seu valor de mercado, nem ao menos uma operação de socorro pública e clara, mas um negócio em que o governo, como sempre sem transparência, assume os riscos, e os controladores não apenas preservam seus interesses como ainda se tornam sócios da Caixa Econômica Federal. É uma operação com grau de subjetividade inaceitável na gestão pública: aventuras fazem parte do repertório de riscos e operações atípicas praticadas no mundo empresarial em busca do lucro, mas vedadas pela lei e condenadas moralmente com recursos do governo.
3. Torna-se indispensável, portanto, a abertura de um debate no Congresso, uma investigação sobre todas as implicações dessa operação. Sem desprezo pela análise da moralidade e oportunidade da operação, o Congresso deve esclarecer a sociedade sobre se, por exemplo, não está caracterizado desvio de objetivos da Caixa Econômica. Como o foco da Caixa não é o crédito pessoal, a oposição não pode deixar de avaliar em profundidade essa operação e, até, questioná-la judicialmente. Uma instituição com importantes e decisivas responsabilidades na área do desenvolvimento social (podem-se descartar a prioridade e a ordem de grandeza do financiamento da habitação?) cometeria assim uma temeridade desviando-se de suas atividades fins.
4. Como todas essas informações são públicas - ou seja, não são boatos nem circulam nos bastidores, já estão na imprensa -, o governo não pode se eximir de explicá-las. Muito menos o Congresso pode se demitir da apuração de tudo. E nem a Justiça de ser acionada.
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