Para tucano, governo foi omisso no processo
Jutahy Junior, do PSDB baiano, acusa governo de cooptar o SBT para campanha petista e de ignorar irregularidades no banco Panamericano.
Julia Duailibi - O Estado de S.Paulo
O deputado Jutahy Junior (PSDB-BA), um dos principais aliados do candidato derrotado à Presidência da República pelo PSDB, José Serra, afirmou ontem ter havido "motivação eleitoral" por parte do governo, que teria se omitido das irregularidades envolvendo o Banco Panamericano, do Grupo Silvio Santos.
"Quem bancou a bolinha de papel? Foram as imagens do SBT", afirmou o deputado, numa referência ao episódio que marcou o segundo turno da campanha: José Serra foi agredido na cabeça por uma bobina de adesivo, atirada durante uma caminhada no Rio, mas a emissora de Silvio Santos divulgou imagens de um outro momento, quando uma bolinha de papel bateu na cabeça do então candidato.
Debate. Jutahy citou ainda o fato de o SBT Nordeste ter desmarcado um debate entre Serra e a então candidata do PT, Dilma Rousseff, por desistência da petista, no segundo turno.
As regras firmadas pelas equipes dos candidatos determinavam que, em caso de desistência de um deles, o debate se transformaria numa entrevista exclusiva com o outro. Dilma desistiu, mas a emissora acabou decidindo não usar o programa para entrevistar o tucano. "Houve uma intervenção direta da direção do SBT para que as regras não fossem cumpridas", afirmou o deputado.
"O que ocorreu (com o Panamericano) foi uma fraude contábil vulgar. O procedimento normal é chegar e fazer a intervenção. Cadê a autonomia do Banco Central?", questionou o tucano, que ainda criticou o fato de a Caixa Econômica Federal ter comprado 35% do capital do banco (49,9% do capital votante), em uma operação de R$ 740 milhões.
Para Jutahy, houve uma "clara ação de governo para cooptar um sistema de comunicação, o que custou R$ 2,5 bilhões", numa referência ao aporte de recursos que terão de ser feitos no Panamericano por meio do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
O parlamentar propõe que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, seja ouvido sobre o assunto. "Temos de denunciar. Isso é uma bandidagem", completou.
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