Liderança graúda do DEM, o prefeito paulistano Gilberto Kassab parece mesmo decidido a levar a oposição à xepa. Age no atacado e no varejo.

No atacado, Kassab tentou trocar o hardware oposicionista do DEM por circuitos que rodassem o programa governista do PMDB.

No varejo, Kassab fala mal de companheiros de partido e acomoda na banca que montou na feira partidária um 'Plano B'.

Há três dias, o prefeito teve um diálogo privado com o tucano Márcio Fortes (RJ), candidato derrotado a vice-governador do Rio, na chapa de Fernando Gabeira.

Kassab disse a Fortes que cogita trocar o DEM pelo protolulista PSB. Contou que trataria do tema com o padrinho José Serra, a quem deve o cargo de prefeito.

Até então, sabia-se que o prefeito considerava a hipótese de se mudar para o PMDB do vice-presidente eleito Michel Temer.

Explicou a novidade do PSB de maneira singela: a legenda presidida pelo governador pernambucano Eduardo Campos carece de lideranças no Sudeste e no Sul.

Ou seja: no PMDB, Kassab seria “mais um”. No PSB, ocuparia o posto de principal liderança no pedaço de baixo do mapa do Brasil.

Tomado pelo que diz nos subterrâneos, Kassab tornou-se um político capaz de tudo, menos de fazer oposição à gestão de Dilma Rousseff.

Tentou empinar a fusão do DEM com o PMDB. Encontrou resistências. Na quinta-feira (11) da semana passada, fustigou os opositores pelas costas.

Deu-se num almoço que o prefeito ofereceu, em sua casa, a expoentes do DEM. Presente, Jorge Bornhausen ponderou:

Se o DEM fosse à fusão como se encontra hoje, dividido e desorganizado, seria engolido pelo PMDB. E muitos tomariam outro rumo.

A certa altura, foi à mesa o nome de Rodrigo Maia, presidente do DEM. E Kassab: “Esse rapaz esteve comigo no sábado passado e disse que era a favor da fusão...”

“...Só não queria negociar com o Eduardo Paes [prefeito do Rio], mas com o [Sérgio] Cabral [governador do Rio]”.

Em privado, Rodrigo diz aos amigos que Kassab mente. Estiveram juntos no domingo anterior, não no sábado.

Rodrigo discorreu sobre as dificuldades que a fusão com o PMDB imporia ao DEM do Rio. Eduardo Paes é inimigo de seu pai, o ex-prefeito Cesar Maia.

Com Sérgio Cabral, o diálogo seria possível, mas para eventuais coligações futuras, não para a fusão.

No repasto de quinta, Kassab também mastigou ACM Neto (DEM-BA). Disse que o deputado também quer a fusão, só que com o PSDB.

Sob reserva, ACM Neto também desdiz Kassab. Não almeja a fusão. Apenas dissera que, havendo a fusão com o PMDB, não lhe restaria senão migrar para o PSDB.

Dois dias depois de morder os companheiros de partido na sala de refeições, Kassab abriu as portas de sua casa para Rodrigo Maia.

Em conversa que contou com a presença de Jorge Bornhausen, viu-se compelido a aceitar a ideia de divulgar uma nota negando a tese da fusão.

Na sequência, pôs-se a empinar a tese da renovação da direção partidária. Passou a impressão de que iria à presidência do DEM, desalojando Rodrigo da cadeira.

Simultaneamente, esboça o Plano B. Em meio ao flerte com o PMDB, levou ao baralho, na conversa com Márcio Fortes, a carta do PSB.

Qualquer ‘B’ lhe serve, desde que abra uma brecha até Dilma e o tonifique para a queda de braço que deseja travar com o tucano Geraldo Alckmin em 2014.