PT pode virar um calo no pé de Dilma
Tiago Pariz |
Correio Braziliense |
Além do princípio de conflito interno para definir o candidato da sigla à Presidência da Câmara, petistas querem mais espaço na divisão dos ministérios e podem criar indisposição com aliados O PT pode criar problemas para a presidente eleita, Dilma Rousseff. O partido coloca-se como entrave na formação do próximo governo — cobrando mais fatias do bolo na divisão ministerial — e quer que o acordo firmado com o PMDB sobre a alternância na Presidência da Câmara passe a incluir também o comando do Senado. Para completar, os petistas estão à beira de uma briga interna sobre quem será o candidato para o cargo.As legendas aliadas de Dilma concordam com a posição do vice-presidente eleito, deputado Michel Temer (PMDB-SP), de que é melhor manter, a partir de janeiro, o desenho que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez para a Esplanada dos Ministérios. O PT está na contramão desse consenso e quer ocupar postos estratégicos. Os petistas veem com ceticismo um pré-acerto entre as legendas que apoiaram Dilma sobre não almejar pastas alheias. O PMDB deixaria de pleitear os Transportes, que está na cota do PR, e as Cidades, hoje ocupada pelo PP. Os partidos também desistiriam de emplacar um nome na Integração Nacional, por exemplo. Mas, sob o argumento de que precisam ocupar pastas que conversam com sua base social, os petistas estão de olho na Saúde e numa pasta da área de infraestrutura. A sigla reclama que não tem responsabilidade sobre órgãos que atuam com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “A confecção dos ministérios deve ser feita com base na representatividade, temos que ver quais conversam com a nossa base social”, disse o deputado Zezéu Ribeiro (PT-BA). A visão cética das intenções dos aliados no futuro governo reflete-se na composição da Presidência das duas Casas do Congresso. “Essa ideia está em discussão. O objetivo é evitar uma disputa entre candidatos aliados”, afirmou, José Eduardo Dutra, presidente do PT. O deputado João Paulo Cunha (PT-SP) entende que não se pode construir um acordo na Câmara sem incluir os senadores. “Temos que combinar com o Senado e precisamos fazer uma discussão com os outros partidos também. Não ficar só PMDB e PT”, afirmou. Numa tentativa de fazer um afago aos outros aliados — e também à oposição —, os petistas querem abrir a discussão, hoje limitada a PT e PMDB, a PSB, PCdoB, PR, PP, PTB, além de DEM e PSDB. Mas antes de buscar os aliados, precisará resolver a disputa interna. Hoje, são quatro nomes que se apresentam como postulantes à Presidência da Câmara. “Precisamos encontrar nomes que têm peso na bancada e dentro da Casa”, afirmou o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). Chinaglia, Cunha, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), e o vice-presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), brigam pela indicação. Peemedebistas dizem que se o PT rejeitar o acordo, haverá disputa e o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) não abrirá mão de entrar numa eleição com a base aliada dividida. Reuniões com ministros » O deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP), um dos coordenadores da equipe de transição da presidente eleita, Dilma Rousseff, afirmou que já estão ocorrendo reuniões com os ministros do governo Lula para monitoramento das áreas. “Estive com o Fernando Haddad (Educação) para falar sobre as políticas do setor. O Antonio Palocci também esteve com o ministro da Defesa, Nelson Jobim. A ideia é avaliar o que está em curso e o que poderá ser feito em todas as áreas”, disse. Segundo Cardozo, ainda não há definição de nomes de futuros ministros. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.