Razões do Blog


Este blog foi criado para apoiar a candidatura de José Serra à presidência do Brasil, por entendermos ser o candidato mais preparado, em todos os aspectos pessoais, políticos e administrativos. Infelizmente o governo assistencialista de Lula e a sua grande popularidade elegeram Dilma Rousseff.
Como discordamos totalmente da ideologia e dos métodos do PT, calcados em estatismo, corporativismo, aparelhamento, autoritarismo, corrupção, etc., o blog passou a ser um veículo de oposição ao governo petista. Sugestões e comentários poderão ser enviados para o email pblcefor@yahoo.com.br .

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Brasil, uma república sindical

Sindicalistas detêm 43% da elite dos cargos de confiança

Sem vínculo com sindicalismo, Dilma terá de administrar pressões por espaço

CUT e Força Sindical admitem "apreensão", mas elogiam escolha de Gilberto Carvalho para fazer a interlocução 

SILVIO NAVARRO
DE SÃO PAULO 

Ao receber a faixa das mãos do presidente Lula, no próximo dia 1º, Dilma Rousseff herdará a máquina federal com quase a metade da cúpula dos cargos de confiança, sem concurso público, tomada por sindicalistas.
Sem vínculo umbilical com o sindicalismo, ao contrário do antecessor, Dilma terá de administrar a pressão das centrais sindicais para manter e ampliar a cota desses cargos, os chamados DAS 5 a 6 (Direção e Assessoramento Superiores) e NES (Natureza Especial).
De acordo com dados do Ministério do Planejamento, há hoje 1.305 cargos dessa natureza. A remuneração chega a R$ 22 mil mensais.
O controle da maioria dos cargos é atribuição da Casa Civil, que será chefiada por Antonio Palocci.
Segundo estudo da cientista política Maria Celina D'Araújo, da PUC-RJ, autora de "A Elite Dirigente do Governo Lula", quase metade (42,8%) dos ocupantes desses cargos atualmente são filiados a sindicatos. Desse total, 84,3% são petistas.
Os principais ramos que conseguiram cargos são os bancários, a área dos professores e os petroleiros.
"Esse negócio de república sindical é bobagem porque o PT e a CUT [Central Única do Trabalhador] têm a mesma raiz. O próprio Palocci foi dirigente da CUT e ninguém fala dele", diz o presidente da central, Artur Henrique. "Seria absurdo se fossem tucanos", emendou.
Ao todo, o governo federal tem cerca de 22 mil cargos de confiança, mas esses 1.305 são a elite do batalhão de comissionados.

PETROBRAS
Desde o início do primeiro governo do presidente Lula, vários dirigentes sindicais ganharam cargos.
Wilson Santarosa, ex-presidente do Sindicato dos Petroleiros de Campinas, por exemplo, tornou-se gerente de comunicação da Petrobras e é membro do Conselho Deliberativo da Petros (fundo de pensão da estatal).
Em Itaipu Binacional, dois representantes da CUT detêm cargos influentes: João Vaccari Neto, atual tesoureiro do PT, é membro do conselho de administração. Assessor da central para assuntos internacionais, Gustavo Codas tem assento na diretoria-geral paraguaia.
Fernando Paes de Carvalho, dirigente do Sindipetro do Norte Fluminense, é coordenador do gabinete da presidência da Petrobras.
Também houve crescimento do domínio "cutista" nos três principais fundos de pensão: Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Funcef (Caixa Econômica).
No segundo mandato de Lula, 66,6% dos indicados para chefias e conselhos nos fundos são sindicalistas.
No meio sindical, outro alvo é conseguir assento em conselhos de administração, numa espécie de complementação salarial.
A remuneração varia de acordo com o órgão, mas raramente é inferior a R$ 3.000. CUT e Força Sindical, por exemplo, têm espaço no conselho do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

ABC
O grupo de ex-dirigentes do ABC paulista também assumiu postos, como é o caso do presidente do Conselho Nacional do Sesi, Jair Meneguelli, e do presidente do Sebrae, Paulo Okamoto.
Amigo de Lula, esse último deverá seguir para o instituto que levará o nome do presidente em São Paulo.
Tanto Força como CUT admitem relativa "apreensão" com a nova gestão. Ambas, entretanto, elogiam a escolha de Gilberto Carvalho, atual chefe de gabinete de Lula, para a Secretaria-Geral da Presidência, canal de diálogo com as centrais.



Luizianne, a pior prefeita

Luizianne Lins tem pior avaliação entre 8 capitais pesquisadas pelo Datafolha

DN - 
25/12/2010      



Segundo pesquisa Datafolha publicada no último dia 23, Luizianne Lins foi a prefeita de pior avaliação dentre as 8 capitais pesquisadas pelo instituto. A prefeita de Fortaleza, que ocupa o cargo há quase 6 anos, teve considerado seu desempenho ruim ou péssimo por 50% dos fortalezenses. Em dezembro de 2009 eram 36% e em março do mesmo ano 27%.
Consideram Luizianne uma prefeita regular 27%, e 22% consideram o governo da prefeita ótimo ou bom. O seu índice de popularidade é de 72 pontos. A nota média atribuída foi de 4,4, menor nota desde o primeiro levantamento, realizado em novembro de 2007.

Como funciona o ranking
Como principal critério para o ranking, o Datafolha utiliza a nota média atribuída aos prefeitos, em uma escala que vai de zero a dez; caso ocorra empate, um índice de popularidade construído pelo instituto é utilizado como critério de desempate.
Esse índice varia de 0 (reprovação total) a 200 (aprovação absoluta), e é calculado subtraindo-se as taxas da avaliação negativa (ruim e péssimo) das avaliações positivas (ótimo e bom). A esse resultado soma-se 100 (para evitar a ocorrência de números negativos), e se chega assim ao índice de
popularidade. Para esse cálculo as taxas referentes aos entrevistados que não sabem opinar são excluídas.
Outros avaliados
O prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, do PSB, lidera o ranking de prefeitos em estudo do Datafolha, junto a 4256 moradores de oito capitais brasileiras. A nota média de Márcio Lacerda é de 6,6. Já a aprovação ao prefeito mineiro chega a 54% (avaliação de ótimo ou bom a seu governo), após um ano e onze meses de governo. Os que consideram sua gestão regular somam 30%, ruim ou péssimo atinge 10% e 5% não souberam responder. Com esses resultados, o índice de popularidade do prefeito é de 147 pontos. Esse é o melhor índice de aprovação de Márcio Lacerda desde março de 2009.
O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), é o segundo melhor avaliado, com nota média de 6,5, e aprovação de 49%. Na ordem, vêm José Fortunati (PDT), de Porto Alegre; Eduardo Paes (PDMB), do Rio de Janeiro;Gilberto Kassab (DEM), de São Paulo; João da Costa (PT), de Recife; e João Henrique Carneiro (PMDB), prefeito de Salvador.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Mal feito histórico do governo lullista

Sob Lula, cresce fosso entre salários público e privado 

Ganho de servidores cresceu 31% contra 13% de empregados particulares

Diferença se acentuou em 2006 quando petista fez primeiro pacote de reajustes generalizado para o funcionalismo


GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA 

PEDRO SOARES
DO RIO

Os mesmos dados que mostram a queda do desemprego e o aumento da renda ao longo do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também apontam, ao serem decompostos, o aumento da desigualdade entre o emprego público e o trabalho no setor privado.
Segundo levantamento feito pela Folha a partir das pesquisas mensais de emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os rendimentos médios dos servidores públicos federais, estaduais e municipais, que já eram superiores, cresceram ainda mais que os da iniciativa privada nos últimos oito anos.
As diferenças começaram a se acentuar em 2006, ano em que a administração petista lançou o primeiro de dois pacotes de reajustes salariais generalizados para os funcionários do Poder Executivo. Governadores e prefeitos também aproveitaram os ganhos de receita para beneficiar o funcionalismo.
Em valores corrigidos pela inflação, o rendimento médio mensal no setor privado, incluindo assalariados, autônomos e empregadores, era de R$ 1.173 em dezembro de 2002, às vésperas do início do governo Lula.
De lá para cá, um aumento de 13% levou o valor a R$ 1.323 em novembro passado, pela pesquisa feita nas seis principais regiões metropolitanas -São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre e Recife.
No mesmo período, a renda no serviço público, formada basicamente por salários, teve expansão de 31% acima da inflação, passando de R$ 1.909 para R$ 2.494.

SINDICALISTAS
As tabelas de remuneração do Executivo federal, publicadas periodicamente, apresentam cifras maiores e exemplos mais concretos dos ganhos obtidos pelo funcionalismo, cujos sindicatos estão entre as principais bases políticas do PT.
Uma disputa entre as carreiras da elite da administração direta levou os salários máximos pagos regularmente pelos ministérios para perto dos R$ 20 mil mensais atualmente.
Desconsiderando perdas em gestões anteriores, os salários de advogados da União, auditores-fiscais, diplomatas e gestores foram elevados em quase 70% acima da inflação no governo Lula, aproximando-se do topo do Executivo, ocupado pelos delegados e peritos da Polícia Federal.
Segundo o IBGE, o contingente de servidores federais, estaduais e municipais também cresceu nos últimos anos e atingiu 3,4 milhões de pessoas nas seis regiões.
Cerca de 65% deles eram contratados pela regras do regime estatutário do funcionalismo e militares; os demais tinham vínculo temporário ou regido pela CLT.
Para Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, houve nos últimos anos "uma valorização clara" do serviço público, que resultou no crescimento do contingente de empregados.
Tal tendência, afirma, só foi interrompida pela crise, que repercutiu em 2009 e no início deste ano. Mas em meados de 2010, diz Pereira, o efetivo de trabalhadores voltou a subir.
O mesmo, diz, ocorreu com os rendimentos, que avançaram com reajustes maiores a servidores concedidos nos últimos anos.




Dillma começa mal

O mau sinal do governo que nem começou

Elio Gaspari, O Globo
A permanência do deputado Pedro Novais (PMDB-MA) no Ministério do Turismo e da senadora Ideli Salvatti (PT-SC) no da Pesca são um mau presságio para um governo que nem começou. Revelam ligeireza com o dinheiro da Viúva, onipotência e descaso pela opinião pública.
Novais recebeu da Câmara R$ 2.156 por conta de uma nota fiscal do motel Caribe, de São Luís, relacionada com despesas feitas no estabelecimento durante a noite de 28 de junho. A senadora, que recebe R$ 3.800 mensais para custear sua moradia na Capital, cobrou à Viúva R$ 4.606 referentes a diárias de hospedagens no hotel San Marco, de Brasília, entre janeiro e dezembro deste ano.
Descobertos, ambos atribuíram as cobranças a “erros” praticados por assessores e informaram que devolveriam o dinheiro. Pedir desculpas à patuleia, identificando publicamente os responsáveis, nem pensar.
Cobrança de parte da presidente eleita, que acabara de indicá-los para o Ministério, muito menos.
Preservou-se o padrão de casa-grande dos maganos de Brasília. Ao pessoal da senzala, restou o alívio da descoberta do avanço sobre seu dinheiro, feita pelos repórteres Leandro Colon, Matheus Leitão, Andreza Matais e José Ernesto Credencio.
O deputado Novais, um maranhense octogenário que vive no Rio de Janeiro e chegou ao Ministério do Turismo por indicação do senador José Sarney, do Amapá, foi imediatamente defendido pelo líder de seu partido, Henrique Eduardo Alves: “Ele está esclarecendo de forma competente”. Em seguida, pelo futuro ministro das Relações Institucionais, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ): “O Pedro Novais é um parlamentar experiente e, pela história dele, precisamos dar crédito à sua versão”.
Num primeiro instante, a reação de Novais foi típica dos senhores de escravos: “Pare de encher o saco. Faça o que você quiser”. Depois, apresentou uma explicação que tem muito de experiente e pouco de competente: “Indignei-me como parlamentar e homem público, mas, acima de tudo, como cidadão e marido. A acusação leviana tenta atingir minha moral e a firmeza de minha vida familiar. Sou casado há 35 anos. Na noite de 28 de junho, data da emissão da nota fiscal pelo estabelecimento, estava em casa, ao lado de minha mulher. Não posso aceitar que essa falha seja usada para acusações irresponsáveis à minha pessoa”.
Mesmo que na noite de 28 de junho o deputado estivesse na Igreja Evangélica Brasileira, que fica na Rua do Amor, nas cercanias do motel Caribe, isso não teria qualquer importância. Foi seu gabinete que apresentou à burocracia da Câmara a nota fiscal do motel. Ademais, uma funcionária do Caribe informou que houvera uma reserva em seu nome.
Admitindo-se que tudo não passou de um erro, Novais deveria ser grato ao repórter Leandro Colon, pois ele permitiu que expurgasse de sua longeva biografia e de seu firme matrimônio a sombra de uma despesa de R$ 2.156 num motel.
Em 2002, a nação petista sabia que o tesoureiro Delúbio Soares ia além de suas chinelas nas mágicas financeiras que fazia com o publicitário Marcos Valério. Acharam que dava para segurar. Em 2003, o poderoso José Dirceu sabia como operava seu assessor Waldomiro Diniz. Achou que dava para segurar.
Depois que as acrobacias confluíram no mensalão, Nosso Guia deu-se conta de que deveria ter substituído Dirceu logo depois do caso de Waldomiro. Em todos os episódios, o governo comprou o risco da crise porque tolerou malfeitos que lhe pareciam toleráveis.
Isso, supondo-se que Dilma Rousseff não fazia ideia das atividades da família Guerra quando patrocinou a ascensão da doutora Erenice à chefia da Casa Civil da Presidência.
A senadora Salvatti e o deputado Novais foram preliminarmente exonerados pela teoria do “erro”, sempre praticado por assessores jamais identificados e nunca disciplinados. Repetindo: nem desculpas pediram. Passou-se adiante o pior dos sinais: “Vamos em frente, não tem problema”.



sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Staff de Lulla sempre usou a técnica de Goebbels

Em despedida, Lula infla dados do governo na TV
24/12/2010 
No seu último e mais longo pronunciamento em rede nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se despediu dos brasileiros elencando uma série de dados inflados sobre a sua gestão.
O discurso, de 11 minutos, foi ao ar ontem às 20h. Nele, o petista afirma que o salário mínimo no seu governo teve ganho real de 67%, cifra mais modesta do que os 74% citados pela presidente eleita Dilma Rousseff durante a campanha para o Planalto, mas também enganosa.
Assista ao último pronunciamento de Lula
De 2003 a 2010, o mínimo teve oito reajustes, que ao todo chegaram a 53,5% acima da inflação acumulada.
Na campanha de 2002, Lula havia prometido duplicar o poder de compra do mínimo em quatro anos.
Ao falar sobre educação, o presidente também citou dados distorcidos sobre o Orçamento, afirmando que o gasto na área triplicou. Para chegar a esse resultado, o presidente ignorou a inflação acumulada no período.
O presidente também repetiu discurso propalado pelo Ministério da Educação segundo o qual foram criadas 14 universidades federais em seu governo. Dessas, apenas cinco são de fato novas. As demais são resultado de ampliação, fusão ou desmembramento de instituições de ensino que já existiam.
Ao falar sobre pobreza, o presidente disse ter promovido "a maior ascensão social de todos os tempos".
Não há estatísticas que compreendam períodos mais remotos, mas estudo de Sonia Rocha publicado em 2000 pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) calculou que a proporção de pobres na década de 1970 caiu praticamente à metade, de 68,3% para 35,3%.
Com outra metodologia, o pesquisador Marcelo Néri, da FGV, estimou a queda da participação das classes D e E na população de 55% em 2003 para 39% em 2009.
"ONDA DE FRACASSO"
Além de elencar feitos do governo, Lula afirmou que os brasileiros conseguiram afugentar "a onda de fracasso que pairava sobre o país".
"Se governamos bem foi, principalmente, porque conseguimos nos livrar da maldição elitista que fazia com que os dirigentes políticos deste grande país governassem apenas para um terço da população", afirmou, criticando seus antecessores.
Lula também pediu que os brasileiros apoiem Dilma como o apoiaram e que não perguntem sobre o futuro dele. Em tom emocional, diz que vai viver "a vida das ruas".
O pronunciamento foi gravado na segunda-feira na biblioteca do Palácio da Alvorada. A fala foi escrita pelo publicitário João Santana, que fez a campanha de Dilma, e revisada pelo ministro Franklin Martins (Comunicação) e pelo próprio Lula, que também deram sugestões.

Lulla quer ser líder messiânico

IBIAPINA, CÍCERO, ANTONIO..., E LULA: "MISSÃO ABREVIADA"
                                                    
Coluna de sábado de Cesar Maia na Folha de SP (18).
                  
1. O que aproxima o padre Ibiapina (1806-1883), o padre Cícero (1844-1934) e Antonio Conselheiro (1830-1897) é o mesmo livro de cabeceira: "Missão Abreviada" (720 págs.), do padre Manuel José Gonçalves Couto. Editado em 1859, foi o livro de maior tiragem em Portugal no século 19 (150 mil exemplares). Padre Ibiapina nasceu em Sobral (CE). Foi magistrado e deputado. Voltou ao seminário e, aos 47, iniciou a vida missionária pelo Nordeste, fazendo igrejas, cemitérios, açudes. Chamado de "mestre", criou a ordem dos beatos e beatas que o acompanhavam.  Aonde ia, o "mestre" aconselhava e ajudava. Seu mito gerou reação do bispado.
                  
2. Padre Cícero nasceu em Crato (CE) e seguiu a mesma cartilha, com base em Juazeiro do Norte. Os milagres da beata Maria de Araújo (recebia a óstia e esta sangrava) multiplicaram o número de romeiros e de beatos que os seguia. Distribuía conselhos, bênçãos e esmolas. Apesar da perseguição pelo bispado, as romarias não pararam de crescer. Chegou a Juazeiro do Norte quando tinha 40 casas. Hoje é a terceira cidade do Ceará -300 mil habitantes. Tornou-se mito. "Roma" proibiu-o de exercer os sacramentos. Apoiou a derrubada do governo do Ceará com um exército de beatos, cabras e jagunços. Foi prefeito por quase 20 anos e deputado federal (nunca foi ao Rio exercer o mandato).
                  
3. Antonio Conselheiro nasceu em Quixeramobim (CE). Em Sobral, foi um rábula dos pobres. Cruzou o Nordeste por 30 anos, como o Mestre Ibiapina, construindo capelas e cemitérios. Beatos e beatas o acompanhavam. Aonde ia, aconselhava e ajudava. Estabeleceu-se em Canudos, na área que chamou de Belo Monte. Interpretou o Novo Testamento num manuscrito de 245 páginas, com letra desenhada (disponível em CD). Monarquista, adotou um sistema coletivista. Tinha 30 mil habitantes quando o Exército o massacrou em 1897.
                  
4. Os três falaram aos excluídos. Foram a esperança dos miseráveis, com conselhos, esmolas e o reino dos céus. A repressão católica abriu espaço aos evangélicos com um mesmo estilo. Os dois principais líderes das Ligas Camponesas eram evangélicos (ver "Cabra Marcado para Morrer"). Método com o qual os mais pobres do Nordeste se identificam até hoje.
                  
5. Enquanto Lula era um líder operário urbano, disputou voto entre eles em igualdade com os demais candidatos. Em 2005, Lula muda. Incorpora o retirante e passa a falar aos excluídos, com conselhos, ajuda e esperança, na terra e no céu. Em 2006 e 2010, nas regiões que foram palco da peregrinação dos três, a "Missão Abreviada" produziu vitórias eleitorais na casa dos 80% no segundo turno.




Lulla é ardiloso


Lula admite se candidatar novamente à Presidência

KENNEDY ALENCAR
DE BRASÍLIA

A menos de 15 dias de deixar a Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que poderá ser candidato novamente ao Palácio do Planalto.
Em entrevista ao programa "É Notícia", da RedeTV!, Lula respondeu se voltaria a disputar a Presidência um dia: "Não posso dizer que não porque sou vivo. Sou presidente de honra de um partido, sou um político nato, construí uma relação política extraordinária".
Fez uma ressalva: "Vamos trabalhar para a Dilma fazer um bom governo e, quando chegar a hora certa, a gente vê o que vai acontecer".
Na entrevista, que foi ao ar na madrugada de hoje, Lula ainda fez reparos à política de Barack Obama, lembrou momentos ruins do governo, como as saídas de José Dirceu e Antonio Palocci, e defendeu a política econômica.


VOLTA AO PLANALTO
"A gente nunca pode dizer não. Eu fico até com medo, amanhã alguém vai assistir à tua entrevista, e dizer que Lula diz que pode ser candidato. Eu não posso dizer que não porque eu sou vivo, sou presidente de honra de um partido, sou um político nato, construí uma relação política extraordinária".
"O Brasil tem uma gama de líderes extraordinários. Tem a Dilma [Rousseff] que pode ser reeleita tranquilamente. Você tem [os governadores] Eduardo Campos, Jaques Wagner, Sérgio Cabral. Tem a oposição do Aécio [Neves, senador do PSDB de Minas]. Tem o [ex-governador José] Serra (PSDB-SP), que diz que ainda vai fazer oposição. O que não falta é candidato. É muito difícil dar qualquer palpite agora".
"Vamos trabalhar para a Dilma fazer um bom governo e quando chegar a hora a gente vê o que vai acontecer".


CRISE DO SENADO
Disse que a crise do Senado, em 2009, foi tentativa de golpe da oposição e que apoiou José Sarney para manter "a institucionalidade".
"O que estava acontecendo ali era uma tentativa de golpe no Senado para que o vice, tucano [Marconi Perillo, de Goiás], assumisse. É lógico, só um ingênuo é que não percebe as coisas".


DIRCEU E PALOCCI
"Na Casa Civil, teve uma dubiedade entre o animal político que o Zé Dirceu era e a necessidade de ser o gerente do governo. Na minha opinião, era peso demais para uma pessoa tocar".
"Devemos muito ao Palocci. Era preciso ser como o Palocci foi naquele primeiro momento. Fiquei nervoso com o Palocci quando, em 2005, a economia caiu muito. (...) Ele reconheceu que houve exagero no endurecimento".


MANTEGA E MEIRELLES
Lula disse ser "grato" ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, e ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles: "Pode ter críticas de que houve erro aqui, demora ali, mas, quando você vai fazer uma síntese, percebe que a fotografia é mais positiva do que negativa".


MENSALÃO
Voltou a dizer que, quando deixar a Presidência, vai "estudar um pouco o que aconteceu no período". "Não acredito [que houve compra de apoio de parlamentares]".
Diz que foi "lambança eleitoral" e que petistas deveriam ter assumido isso. "Agora, passados cinco anos, de cabeça fria, vou reler a imprensa. Vou ver o que aconteceu em cada jornal, em cada revista, para que a gente possa remontar, [fazer] um juízo de valor do que aconteceu".


PAPEL DE MARISA
O presidente contou que a primeira-dama, Marisa Letícia, "dá palpite" sobre governo. "A Marisa fala das coisas que sente e normalmente tem razão, porque ela fala coisa que o povo pensa".
"Vou dar um exemplo de coisas importante em que a Marisa me ajudou. [Na campanha de 2006] Marisa era a maior incentivadora que eu tinha que ir para os debates, que eu deveria triturar meus adversários. Eu achava que eu não deveria ir, mas ela estava certa."


OBAMA
Lula disse ser "fã" do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. "Ele só tinha que ter a ousadia que o povo americano teve votando nele. Recebeu uma herança maldita do governo Bush. O país quebrou. Como não tomou as atitudes nas horas certas, vem para as costas dele. Eu dizia para ele: 'Presidente Obama, se você não fizer as coisas na hora correta, daqui um ano essa crise está nas tuas costas'. Porque a crise era do Bush".


VIDA DE PRESIDENTE
"O mais doloroso é a vida de um presidente. A vida de um presidente é muito solitária".
"Tem o dedo de Deus nessa coisa [ter sido eleito presidente]". "O preconceito raivoso de setores conservadores da sociedade brasileira me fez mais forte, pois eu tinha que provar todo santo dia que eu tinha que ser mais capaz do que eles".


PÓS-PRESIDÊNCIA
"Vou descansar. Tirar umas férias que não tiro há 30 anos. Uns dois meses num lugar onde eu não tenha que fazer nada, discutir política, fazer absolutamente nada".
"Normal eu nunca mais vou ser, mas um brasileiro o mais próximo da normalidade possível. Vou conseguir". "Vai ser bom para o Brasil, vai ser bom para a Dilma, vai ser bom para todo mundo se eu ensinar como um ex-presidente tem que se portar".
"Quero tirar tudo da Presidência de dentro de mim. Preciso voltar a ser o Lula. Voltar a ser um cidadão mais próximo da normalidade possível. Se deixo a Presidência dia 1º e dia 2 começo a dar palpite na política, eu vou estar tendo ingerência em coisa que eu não devo".



Democracia brasileira não está com essa bola toda

Brasil é 47º em ranking mundial de democracia

CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
17/12/2010


O Brasil pode até avançar para o quinto lugar no campeonato da economia mundial no governo Dilma Rousseff, como prevê Luiz Inácio Lula da Silva, mas não chegará a uma posição similar ou próxima a ela no ranking planetário da democracia.
O país está em uma posição muito inferior, e, pior, retrocedendo, ao menos no Índice da Democracia 2010, que acaba de ser divulgado pela Economist Intelligence Unit, o braço de pesquisas da respeitada revista britânica "The Economist".
O Brasil recuou do 41º lugar em 2008 para o 47º agora (o levantamento é feito a cada dois anos). Caiu de 7,38 pontos para 7,12, em 10 possíveis. Nem aparece como "democracia plena", o belo rótulo reservado para apenas 26 dos 167 países ranqueados.
O Brasil é rotulado como "democracia imperfeita" ao lado de 52 outros países, entre eles França e Itália, o que mostra o rigor da avaliação.
O item que derruba o Brasil, entre os cinco que o índice leva em conta, é "cultura política". A nota do país nesse quesito é 4,38.
Um segundo critério ajuda a empurrar o país para baixo: chama-se "participação política", em que o Brasil leva 5.
Essas duas notas representam brutal contraste com os 9,58 recebidos em "processo eleitoral e pluralismo" e com os 9,12 de "liberdades civis", os dois quesitos que mais usualmente aparecem na discussão sobre democracia.
Significa, portanto, que o Brasil seria facilmente catalogado como "democracia plena" se o ranking considerasse apenas os aspectos mais convencionais.
Tanto é assim que a primeira do ranking, a Noruega, tem nota geral 9,8, não muito acima do que o Brasil obtém nos quesitos convencionais.
Mas, quando o ranking se sofistica um pouco, verifica-se que a nota norueguesa em "cultura política" é 9,38, quase o dobro da brasileira.
O Brasil perde pontos também em "funcionamento do governo". Tira 7,5, abaixo dos 8,21 da África do Sul, mas mais que os 7,14 da França e quase empatado com os 7,86 dos Estados Unidos --que, aliás, fica apenas na 16ª posição no ranking geral.
A América Latina só tem dois países entre as "democracias plenas" (Uruguai, 21º, com 8,10, e Costa Rica, 24ª, com 8,04). Dois países latino-americanos estão à frente do Brasil na lista de "democracias imperfeitas": Chile (34º) e Panamá (46º).
O relatório lamenta que "as liberdades políticas sofreram erosão em muitos países desde a publicação do índice anterior", em 2008, e culpa, principalmente a crise financeira global, "[por ter] minado a confiança pública no governo e tentado políticos a incomodar a oposição".
Editoria de Arte/Folhapress


Serra destaque no twitter

Forbes: Serra entre as 15 celebridades mundiais do Twitter.

Forbes destaca dois brasileiros como celebridades mundiais no Twitter. Paulo Coelho e José Serra: o escritor em espetacular segundo lugar e José Serra como o segundo político no mundo, em décimo-quinto lugar. Barack Obama está em décimo-primeiro lugar. A metodologia de análise é o Índice Klout, que usa 25 variáveis para medir a influência no Twitter.

Promessas eleitorais não cumpridas e não cobradas

FRAUDES ELEITORAIS 2010! NUNCA ANTES NESSE PAÍS SE VIU TAMANHA CARA DE PAU!
          
1. Inacreditável a velocidade com que se consumaram fraudes eleitorais em 2010. Os candidatos assumiram compromissos programáticos com o eleitor e, menos de um mês após as eleições, começam a fazer o contrário do que se comprometeram, descaradamente.
          
2. A primeira delas foi quantos aos tributos. Todos disseram que não aumentariam quaisquer tributos. Mas dias depois, Dilma e sua turma começaram a declarar e agir pela volta da CPMF. Até governadores foram chamados, com oferta de repasses adicionais para saúde pública. Essa semana Lula voltou ao tema.
          
3. O aborto foi tema de campanha que, inclusive, elevou o patamar de votos de Marina Silva, declaradamente contra. As Igrejas se mobilizaram em defesa dos valores cristãos e contra o decreto de "direitos humanos" (argh!). No segundo turno, todos fizeram declarações abertas contra o aborto. Dilma disse que não disse o que tinha dito.
          
4. Mas, agora, o parceiro mais íntimo do governo federal -o governador Cabral- relançou o tema: quer liberar o aborto, mudando a lei. E foi muito mais longe, ao provocar uma plateia de empresários, etc., dizendo que todos ali haviam feito o aborto em suas namoradinhas (e não se excluiu do todos). Esse argumento agrava uma declaração dele uns anos atrás, que filho de favelada seria bandido e que deveria fazer aborto.
           
5. Esse novo e agressivo argumento das namoradinhas mostra que ele, Cabral, pensa no aborto como uma prática anticoncepcional. Ou seja, iguala aborto à pílula. E tudo isso menos de dois meses depois das eleições, em que ficou quietinho, caladinho, para não perder votos.
           
6. Finalmente os compromissos salariais. Por exemplo: todos se comprometeram com a votação da PEC-300 dos policiais militares. E agora não se deixa votar.
           
7. Em todos os casos não tiveram a vergonha de deixar para uma discussão futura. Foi tudo a queima roupa: mentiram, e em 30 dias, à vista, assumiram a fraude eleitoral. Descaradamente.





Lulla mostra que é mesmo oportunista e pilantra

O QUE QUER LULA, ENTREGANDO O BALANÇO DE SEU GOVERNO PARA SEU GOVERNO?
                
1. Outro dia, Merval (colunista do Globo) analisava com ajuda de psicanalistas a postura de Lula, indo a todo lado e mostrando-se com ansiedade. O que transparece é sua sensação de vazio e ausência antecipados, por sair da presidência. Quer gastar cada minuto como presidente até a entrega da faixa.
                
2. Vai aos locais onde o espera claques que aplaudem, gritam seu nome, o exaltam. Enfim: envernizam seu ego.
                
3. Ontem, Lula reuniu 800 pessoas de seu governo e entregou o Balanço do Governo. Quase se comparou a Deus ("o único impossível é Deus pecar"). Ou seja, o resto Lula faz.
                
4. Mas o que ficou claro para boa parte dos que estavam presentes foi um recado implícito, direto a Dilma e a todos. Olhem só o que eu fiz. Se o próximo governo não fizer igual a mim a culpa é da Dilma e de seu governo. Registrem, guardem e depois comparem. Se esse governo que entra não o fizer, a culpa é dele e não minha. Eu fico aqui à disposição para uma eventualidade.



Ex-blog CM 16/12/2010



Mais um escândalo no Congresso

Locupletemo-nos todos, decidiram deputados e senadores, diante do silêncio do presidente e seus ministros.

 Tabela publicada em O Globo. Clique na imagem para ampliar e ler.

A frase é de Stanislaw Ponte Preta: "restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos". Os senadores e deputados brasileiros decidiram pela segunda alternativa e concederam a si mesmos aumentos que são uma afronta e um acinte aos brasileiros. Geraram um gasto adicional de R$ 1,8 bilhão por ano aos cofres públicos, pelo efeito cascata da concessão de um aumento de 62% aos próprios salários. Arrastaram consigo os ministros e o Presidente da República, que tiveram aumentos ainda maiores, chegando a 133%. Enquanto isso, já caiu um relator do Orçamento, envolvido em grossas falcatruas. A substituta, se não tivesse virado ministra das tainhas, também teria caído, pois enviou milhões em emendas para cabos eleitorais em Santa Catarina. A terceira relatora só não caiu porque não tem vergonha na cara, tendo como assessora direta uma ongueira que obteve R$ 4 milhões para instituições fajutas, em emendas do orçamento. 

O país está anestesiado. Certa vez, um velho amigo fez uma interessante análise. Dizia ele que o dinheiro frio, aquele sem origem declarada, é o dinheiro mais limpo do mercado. Dizia ele que este dinheiro não paga imposto para os políticos roubarem. Dizia ele que este dinheiro não é depositado em bancos para os banqueiros afanarem. Dizia ele que este dinheiro vivo e não contabilizado vira 100% consumo, 100% salário, 100% riqueza. Olhando o que os deputados e senadores aprovaram no dia de ontem, em benefício dos próprios bolsos, começo a concordar com aquele velho amigo. Se 40% do dinheiro vira imposto para o governo e, destes, 30% viram corrupção e outros 90% viram pagamento da famigerada máquina pública, incluindo presidente, ministros, deputados, senadores, juízes, promotores ganhando salários astronômicos, sobra muito pouco para o povo. Talvez esta seja a única saída para acabar com tanta sujeira: a desobediência fiscal, o retorno ao escambo ou coisa que o valha para não botar mais dinheiro na mão desta canalha.



Lulla não cita os grandes escândalos do seu governo


Balanço do governo Lula exalta queda dos juros e omite escândalos

Maurício Savarese
Do UOL Notícias
Em São Paulo



Lula fala com a presidente eleita, Dilma Rousseff, durante balanço de seu governo


Em um balanço de governo composto por seis livros, divulgado nesta quarta-feira (15), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogia a redução de taxa Selic – apesar de o país ainda ter os juros reais mais altos do mundo – e enumera ações anticorrupção desde 2003, sem citar ligação de nenhuma medida com escândalos que abalaram o Palácio do Planalto nos últimos anos. O registro do documento em cartório foi feito por ele ao lado da presidente eleita, Dilma Rousseff, do presidente do Senado, José Sarney, e da primeira-dama, Marisa Letícia.

Durante a cerimônia, à qual compareceram atuais ocupantes da Esplanada dos Ministérios e também ex-ministros poderosos, como a senadora Marina Silva (PV-AC) e José Dirceu, Lula repetiu críticas à imprensa, a quem acusou de se interessar mais por notícias desfavoráveis a seu governo. Ele pediu "aos 4% que teimam em dizer que nós somos ruim e péssimo [nas pesquisas]" que "olhem para a Dilminha com os olhos diferentes". O presidente também creditou os resultados da gestão ao vice, José Alencar, internado em São Paulo.
"Em meu discurso de posse, fiz questão de afirmar que me tornava o servidor público número um do Brasil. Hoje o presidente e os ministros estamos fazendo a obrigação de todo servidor público: prestar contas", afirmou ele, que aproveitou seu bordão para dizer que era a primeira vez em que a iniciativa era feita no Palácio do Planalto. "Tem gente que fica incomodada. Mas estamos apenas fazendo o que os outros não fizeram", alfinetou Lula, em um dos raros momentos de improviso durante sua fala.
Elaborados pela Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da República) e assinados por todos os ministros, os dados que constam em seis livros vinham sendo compilados e registrados em cartório desde meados de 2008, após um pedido de Lula para fornecer informações sólidas a quem viesse a sucedê-lo. Há dois livros que tratam de desenvolvimento sustentável, dois de cidadania e inclusão, um de infraestrutura e outro de política externa, gestão e democracia. O conteúdo está disponível neste link .

Economia

No documento, o governo reconhece que o nível dos juros reais no Brasil é “elevado em termos mundiais”. “Mas representa substancial redução em relação ao verificado no início de 2003, que foi de 16% ao ano”, diz o texto, que começa lembrando que o governo Fernando Henrique Cardoso deixou a Selic em 25% e que, por conta das turbulências econômicas de início de governo, Lula a elevou a 26,5% pouco depois. Em seu discurso, o presidente não se ateve à questão dos juros.
Hoje a taxa de juros básica está em 10,75%, após anos de críticas de membros do próprio governo ao conservadorismo do Banco Central na gestão do presidente Henrique Meirelles, que será sucedido por Alexandre Tombini no governo da presidente eleita Dilma Rousseff. Antes de chegar ao Palácio do Planalto, Lula afirmava que o país deixaria de ter os juros reais mais altos do mundo.
Quando ele assumiu, a taxa real – com o desconto da inflação projetada para 12 meses – estava em 11% ao ano. Hoje esse número é de 4,8%, mas há países, muitos deles abatidos pela crise econômica, onde o indicador é negativo, porque o juro é menor do que a expectativa de inflação. Quando Meirelles passou por ele para assinar o documento, Lula abraçou longamente o presidente do BC, que, por sua vez, ganhou bastante atenção da próxima ocupante do Palácio do Planalto ao cumprimentá-la.
Mais tarde, sem fazer referência a Meirelles, Lula afirmou que Dilma é a única responsável pelas indicações em seu governo. Assessores do presidente dizem que ele defendia a permanência do presidente do BC. "Espero que os companheiros da imprensa não digam que estou querendo ensinar você a fazer alguma coisa", disse. Sobre alguns dos indicados, Lula afirmou que eles são "muito mais amigos da Dilma" do que dele, já que ela era a ministra que coordenava o governo até março deste ano. "Ela escolhe quem ela conhece", afirmou.

Corrupção

No capítulo que trata de combate à corrupção, o balanço do governo cita a abertura da CGU (Controladoria Geral da União), que visa dar transparência a gastos públicos. Também menciona o reaparelhamento da Polícia Federal e medidas contra a lavagem de dinheiro. Mas evita ligar qualquer medida aos escândalos que abalaram o governo de Lula desde 2003. Durante a cerimônia no Palácio do Planalto, apenas o ex-ministro e atual governador da Bahia, Jaques Wagner, mencionou "qualquer erro que possa ter sido cometido" em 2005.
Lula não fez referência ao escândalo do mensalão, denunciado no ano citado por Wagner, mas falou em "qualquer erro" que possa ter sido cometido pelo governo entre 2003 e 2010. Políticos que pediram demissão por envolvimento em denúncias de corrupção, como Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil, e Matilde Ribeiro, ex-secretária da Igualdade Racial, estavam presentes.
O balanço foi ainda menos crítico. “Há muito a sociedade brasileira vinha exigindo uma nova ética nos governos, uma nova forma de administrar, com mais responsabilidade, mais transparência e voltada à concretização dos direitos e das garantias fundamentais”, diz o texto, que comemora a CGU, uma vez que “não havia um órgão governamental devidamente estruturado com a missão de desenvolver e implementar estratégias de combate à corrupção”.
Durante o governo Lula, escândalos políticos levaram à adoção de medidas administrativas. Quando funcionários públicos, inclusive ministros, fizeram mau uso de cartões corporativos, o Palácio do Planalto foi forçado a estipular novas regras de uso. Depois do vazamento dos sigilos fiscais de tucanos, a Receita Federal alterou as políticas de acesso de funcionários ao banco de dados. No balanço, não há citação a nenhum desses incidentes e o destaque são os elogios ao site que divulga dados do Poder Executivo.
“As despesas públicas não eram acessíveis facilmente ao público, assim como não havia canais diretos de comunicação para a sociedade informar e solicitar a apuração de irregularidades”, afirma o documento, citando o Portal da Transparência. Ainda assim, o Brasil ainda obteve no governo Lula uma lei de acesso a informações públicas.