Razões do Blog


Este blog foi criado para apoiar a candidatura de José Serra à presidência do Brasil, por entendermos ser o candidato mais preparado, em todos os aspectos pessoais, políticos e administrativos. Infelizmente o governo assistencialista de Lula e a sua grande popularidade elegeram Dilma Rousseff.
Como discordamos totalmente da ideologia e dos métodos do PT, calcados em estatismo, corporativismo, aparelhamento, autoritarismo, corrupção, etc., o blog passou a ser um veículo de oposição ao governo petista. Sugestões e comentários poderão ser enviados para o email pblcefor@yahoo.com.br .

sábado, 4 de junho de 2011

Explicações tardias

Por que só agora?


Escrevo, premido pelos prazos, horas antes do já confirmado pronunciamento do ministro Antonio Palocci ao Jornal Nacional. Seja lá o que venha a revelar, uma coisa é certa: após duas semanas sangrando em público, o ministro perdeu as condições objetivas de cumprir a missão de coordenador político do governo.
Tal missão implica prestígio e autoridade, comprometidos na hemorragia política em curso. Se o ministro disser coisas altamente esclarecedoras, restará a pergunta: por que só agora? Por que a longa espera, depois de tantos danos causados à credibilidade do governo?
Sabe-se que o pronunciamento do ministro foi precedido de longos ensaios com marqueteiros e advogados, em busca da palavra exata e do argumento preciso, o que seria desnecessário se efetivamente não tivesse o que esconder.
Para alguém que foi nomeado exatamente por ser um especialista em evitar e administrar crises, é estranho que tenha permitido que ele próprio se tornasse o fator da crise.
Se tudo não passou de manobra dos inimigos, por que não vir imediatamente a público demonstrá-lo?
Deixar que a crise chegue ao nível que chegou, a ponto de exigir uma entrevista exclusiva no programa jornalístico de maior audiência, fala por si.
O caseiro Francenildo, quando posto diante de situação análoga – a suspeita de ter recebido propina, quando da quebra criminosa de seu sigilo bancário -, não precisou de nenhum prazo ou assessoria para defender-se e demonstrar que a fonte daquele valor era legítima: seu próprio pai.
Tão logo foi abordado, provou a origem do dinheiro. A verdade não dá trabalho e dispensa especialistas para veiculá-las.
Palocci, bem ao contrário, ficou mudo duas semanas. Permitiu que as piores especulações ganhassem curso, a ponto de exigir uma intervenção direta de Lula, que acabou saindo pela culatra.
Ao comentar com alguns senadores que a saída de Palocci faria “o governo Dilma se arrastar até o fim”, expôs a fragilidade política da presidente, mostrando-a carente de tutelas e intermediários.
Não deve ter sido fácil para Dilma engolir esse diagnóstico, que a deixou em condição ainda mais delicada, inclusive para demitir Palocci. Se o fizesse, seria vista como indefesa, uma órfã em busca de um novo tutor. Nada pior em política.
Seja lá o que venha a ser dito por Palocci ao JN, o certo é que fala para uma plateia no mínimo cética. Quanto mais convincentes forem seus argumentos, se é que os terá, mais forte soará a pergunta: por que só agora?
Ainda que tudo que fez seja legal – a consultoria e o sigilo dos clientes -, será difícil apagar os sinais de tráfico de influência, em face dos valores e dos cargos de poder que ocupou no período dos ganhos. E, sobretudo, a demora com que reagiu fragilizará seus argumentos.
Se a entrevista tiver o poder de mantê-lo no cargo, já não será o mesmo – nem ele, nem o governo.
O episódio teve ainda o dom de recolocar a oposição na oposição, depois de um início às avessas.
A denúncia contra Palocci partiu do próprio PT, de sua ala mais radical, fogo amigo que provocou reação de defesa da oposição a Palocci, visto, nas circunstâncias, como dos males o menor.
A exposição sistemática da gravidade do caso na mídia empurrou a oposição a seu papel, pondo em cena a possibilidade de uma CPI. O PT então viu os danos do fogo amigo e assumiu a defesa do ministro. Um caso típico de inversão coreográfica. Coisas da política – da política que temos.
Ruy Fabiano é jornalista


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