Exército terá investimento bilionário nas fronteiras
Ao custo de R$ 10 bilhões, força negocia moderno sistema de monitoramento
Governo espera obter financiamento externo para pacote em três etapas que deve ficar pronto apenas em 2019
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Na Marinha, o submarino de propulsão nuclear. Na Aeronáutica, o projeto de uma nova frota de caças. Agora, vem a "contrapartida" do Exército no processo de modernização das Forças Armadas: o Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras), orçado em US$ 6 bilhões (R$ 10 bilhões).
O Sisfron deve ser implantado em três etapas até estar concluído, em 2019, com custo de manutenção anual estimado em até 10% do total do investimento. A expectativa do governo é obter os recursos com financiamento externo de longo prazo.
O projeto original inclui radar de imagem, radares de comunicação de diferentes graus de sofisticação, vants (veículos aéreos não tripulados) e blindados para abranger a fronteira terrestre, com o foco na Amazônia.
A base operacional do projeto serão os Pelotões Especiais de Fronteira (PEF), que passarão gradualmente dos atuais 21 para 49. O custo médio de cada pelotão é de R$ 35 milhões, incluindo pista de pouso (que tem orçamento independente do Sisfron).
Na avaliação do governo, a porosidade das fronteiras (onde o Exército tem poder de polícia desde 1999) é o problema número um de segurança do país. Com o monitoramento do espaço aéreo na região, iniciado com o Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia), o contrabando e o tráfico de armas migraram para as vias terrestres e fluviais e é por aí que chegam aos grandes centros, como as favelas do Rio de Janeiro.
CONCORRÊNCIA
No dia 17 de dezembro, Embraer e oito empresas internacionais da área de defesa enviaram representantes a Brasília para receberem informações sobre instalação, objetivos e equipamentos necessários para o projeto.
Foram elas as alemãs Rheinmetall e Rohde&Schwarz, as norte-americanas Harris e Rockwell Collins, a francesa Thales, a israelense Elbit Tadiran e a italiana Selex, além do consórcio europeu Cassidian (do grupo EADS). A espanhola Indra e a sueca Saab também receberam dados posteriormente.
Conforme a proposta apresentada, à qual a Folha teve acesso, há duas exigências. A primeira é o "domínio nacional sobre a tecnologia" desde a implantação.
A segunda é "a inclusão de mecanismos de compensação comercial, dando prioridade para mecanismos de transferência de tecnologia para a base industrial brasileira de defesa".
Por uma questão operacional, as fronteiras foram divididas em 14 zonas de monitoramento. A expectativa é que as empresas formem consórcios, já que nenhuma delas, sozinha, tem condições de fornecer os equipamentos para todas as zonas.
As propostas, que devem ser apresentadas até 31 de janeiro, serão analisadas pelo Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército (Ccomgex) e pela Atech, empresa especializada no desenvolvimento de programas de software, que fez o estudo inicial de viabilidade.
O próprio Ccomgex já desenvolveu e começou a produzir dois tipos de blindados que servirão de apoio a todo o sistema: um de comunicação e outro de rastreamento, ambos operados com computadores e com custo estimado em R$ 7 milhões a unidade -o correspondente estrangeiro custa o dobro.
O novo sistema será monitorado pelo Ccomgex, instalado em Sobradinho (DF) e subordinado ao Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, chefiado pelo ex-comandante militar da Amazônia Augusto Heleno.
O projeto prevê que o Sisfron será interligado a outros sistemas já consolidados, como o CenSipam (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia), que acaba de migrar da Casa Civil para a pasta da Defesa.
Também será interligado, por exemplo, ao Sistema de Acompanhamento de Alvos Aéreos Baseado em Emissão de Radiofrequência. Haverá ainda conexão com objetivos civis, como monitoramento meteorológico e de preservação do meio ambiente.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Dillma e dois e dois são cinco
FERREIRA GULLAR
Quando dois e dois são cinco
Olho para ela e pergunto: essa senhora é a presidente do Brasil ou se trata de personagem de novela? |
FAZ TEMPO que não toco, aqui, em assuntos políticos e, se volto ao tema hoje, é para refletir, junto com você, leitor, sobre um fato para mim inusitado. Certamente nem todos concordarão comigo ou simplesmente preferirão desconsiderar esse tipo de perplexidade. De qualquer modo, se eu estiver equivocado, peço-lhe desculpas, mas, sinceramente, neste caso, não opino, constato e com espanto. Constato o seguinte: a eleição de Dilma Rousseff à Presidência da República não me parece real.
Talvez não seja eu o único a pensar assim e que não só a mim a eleição dela pareça inusitada. Tendo a admitir que não. Pode ter ocorrido que, na tropelia da disputa política, meses de propaganda, declarações, acusações, desmentidos, as pessoas se deixaram levar pela paixão e não pararam para refletir sobre o que acontecia. Disputa seja na política seja no futebol, tende a nos cegar, a nos impedir de refletir e ponderar.
Não me excluo disso, tanto que só depois que a coisa se consumou, que os discursos cessaram, os debates acabaram e a Justiça Eleitoral a proclamou presidente eleita do Brasil é que me dei conta de quão surpreendente era tudo aquilo -isto é, de quão surpreendente é termos Dilma Rousseff como presidente do Brasil e que irá nos governar pelos próximos quatro anos.
Se quiser entender meu espanto, siga este raciocínio: Dilma Rousseff nunca pretendeu candidatar-se a nenhum cargo eletivo. Embora tenha entrado para a política muito jovem, na época da ditadura, e continuado sua militância após a volta da democracia, jamais disputou eleição alguma.
Isso não teria importância em alguém que sempre se manteve à margem da política, o que não é o caso dela; daí a conclusão de que, se nunca se candidatou, foi porque essa não era a sua praia. Em vez disso, estudou economia e se contentou em ocupar cargos oficiais na área de sua especialização, chegando a ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República.
Mas, de repente, essa pessoa que nunca disputou eleição nem para vereadora é lançada candidata à presidência da República. Acredita você que foi por vontade dela? Que um dia acordou e disse a si mesma: "Sabe de uma coisa, vou me candidatar a presidente do Brasil!". Você não acredita nisso, claro, nem eu tampouco. O que aconteceu então?
Todo mundo sabe o que aconteceu: foi Lula quem decidiu isso e impôs a ela a decisão. Como acha você que terá reagido Dilma, ao ouvir de Lula a ideia de candidatar-se ao mais alto cargo eletivo do país, ela, que nunca se candidatou a cargo algum? Estou certo de que pediu um tempo para pensar e mal conseguiu dormir aquela noite. "Lula pirou", terá dito ela a si mesma, imóvel na cama, olhando para o teto. "Eu, presidente do Brasil? É maluquice!"
Claro, estava perplexa, mas, certamente, fascinada pela ideia, como Cinderela ao ver que o sapato da princesa buscada poderia caber em seu pé. Mas tinha dúvida: "Caberá mesmo?". Aquilo mais parecia sonho que realidade.
O mesmo espanto senti eu e muita gente mais quando a coisa se revelou. Lula veio a público dizer que Dilma seria a candidata sua e do PT à Presidência da República. Não dava para acreditar.
O PT também reagiu, tentou convencer Lula de que aquilo era um disparate, mas não conseguiu. Como sempre, prevaleceu a vontade do líder absoluto e incontestável.
Tudo isso se sabe, claro, mas pretendo é que avalie bem o que ocorreu. Vamos adiante: porque nunca disputara eleições, era natural que não tivesse eleitores, muito menos para ganhar um pleito presidencial -ou seja, conquistar os votos de mais da metade de 130 milhões de eleitores. E chegou lá graças a Lula, que, para elegê-la, usou toda a máquina estatal e desconsiderou a lei eleitoral.
O resultado é que temos, diante de nós, agora, uma presidente da República que é uma surpresa até para si mesma. Eleita sem ter votos! É quase como um suplente de senador.
Olho para ela e me pergunto: essa senhora é de fato a presidente do Brasil ou se trata de uma personagem de novela? Acredito até que ela, às vezes, se belisca para ver se é mesmo verdade.
Tudo isso se sabe, claro, mas pretendo é que avalie bem o que ocorreu. Vamos adiante: porque nunca disputara eleições, era natural que não tivesse eleitores, muito menos para ganhar um pleito presidencial -ou seja, conquistar os votos de mais da metade de 130 milhões de eleitores. E chegou lá graças a Lula, que, para elegê-la, usou toda a máquina estatal e desconsiderou a lei eleitoral.
O resultado é que temos, diante de nós, agora, uma presidente da República que é uma surpresa até para si mesma. Eleita sem ter votos! É quase como um suplente de senador.
Olho para ela e me pergunto: essa senhora é de fato a presidente do Brasil ou se trata de uma personagem de novela? Acredito até que ela, às vezes, se belisca para ver se é mesmo verdade.
O que não significa que fatalmente fará um mau governo, já que tudo é possível neste mundo surrealista latino-americano. Desejo-lhe boa sorte.
Aécio 2014?
FHC SINALIZA AÉCIO PARA 2014!
(blog Josias de Souza, 09) Fernando Henrique Cardoso declara-se, em privado, convencido em relação à escolha do nome que deve representar o PSDB na sucessão presidencial de 2014. Longe dos refletores, FHC revela-se um adepto da tese segundo a qual a fila do PSDB andou. A vez agora, diz o ex-presidente, é do senador Aécio Neves. Na última campanha, FHC trabalhou por José Serra, contra Aécio. Hoje, move-se pelo ex-governador mineiro. Serra já tentou duas vezes (2002 e 2010), recorda FHC. Geraldo Alckmin teve sua chance em 2006, ele acrescenta.
Acha que não há justificativas plausíveis para sonegar a Aécio a oportunidade de apresentar-se como o presidenciável da legenda na próxima disputa.
(blog Josias de Souza, 09) Fernando Henrique Cardoso declara-se, em privado, convencido em relação à escolha do nome que deve representar o PSDB na sucessão presidencial de 2014. Longe dos refletores, FHC revela-se um adepto da tese segundo a qual a fila do PSDB andou. A vez agora, diz o ex-presidente, é do senador Aécio Neves. Na última campanha, FHC trabalhou por José Serra, contra Aécio. Hoje, move-se pelo ex-governador mineiro. Serra já tentou duas vezes (2002 e 2010), recorda FHC. Geraldo Alckmin teve sua chance em 2006, ele acrescenta.
Acha que não há justificativas plausíveis para sonegar a Aécio a oportunidade de apresentar-se como o presidenciável da legenda na próxima disputa.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
A segunda dama
A PRIMEIRA BRONCA: (SPON HOLZ) Ex-miss, mulher de Temer atrai olhares durante posse01 de janeiro de 2011 • 20h16 • atualizado em 02 de janeiro de 2011 às 01h01http://www.terra.com.br/ | ||
"Pizza" Erenice sem supresas
Sindicância do Erenicegate é arquivada sem punição
Pouca gente entendeu a presença de Erenice Guerra na cerimônia de posse da amiga e ex-chefe Dilma Rousseff.
Erenice desfilou, faceira, pelos salões do Planalto. Deu as caras também no coquetel oferecido a autoridades estrangeiras no Itamaraty.
A explicação para a desenvoltura da ex-titular da Casa Civil encontra-se nas folhas do relatório da sindicância que "investigou" o Erenicegate.
O papelório foi repassado por Carlos Eduardo Esteves, sucessor de Erenice na Casa Civil, para Antonio Palocci, novo titular da poltrona.
Com base nas conclusões da “sindicância”, Esteves decidiu não punir ninguém.
Erenice nem chegou a ser investigada. A comissão alegou que não tinha poderes para tanto.
Foram supostamente esquadrinhadas as ações de dois ex-auxiliares da ex-ministra: Vinicius Castro e Stevan Knezevic.
Ambos foram acusados de operar como braços funcionais de um esquema de tráfico de influência urdido pelo filho de Erenice, Israel Guerra.
A exemplo de Erenice, afastada depois que os malfeitos escalaram as manchetes, Vinícios e Stevan também deixaram o Planalto.
Saíram em meio à campanha presidencial, para atenuar os efeitos da encrenca sobre a campanha de Dilma.
Vinícios foi ao olho da rua. Stevan foi devolvido ao seu órgão de origem, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Em relação ao primeiro, a Casa Civil informa que nada foi comprovado. Quanto ao segundo, decidiu-se passar o abacaxi adiante.
Cópia do relatório de “sindicância” será enviado ao Ministério da Defesa, de cujo organograma pende a Anac.
Caberá a Nelson Jobim, titular do ministério, decidir, à luz do documento, se o subrodinado Stevan merece ser punido.
Curiosamente, Stevan não foi sequer ouvido pelos membros da comissão que o “investigou”.
Alegou-se que, como funcionário de outra repartição, ele dispunha da prerrogativa de não depor na Casa Civil.
Cópia do relatório será remetida também à Comissão de Ética Pública da Presidência.
No mais, os responsáveis pela “sindicância” recomendaram a abertura de um processo administrativo disciplinar.
Para quê? O objetivo seria o de apurar convênio firmado em fevereiro de 2005, época em que chefiava a Casa Civil o companheiro José Dirceu.
Chama-se Unicel a empresa beneficiária do convênio. A coisa pipocou no calor do Erenicegate, como subproduto do escândalo.
Envolve um personagem chamado José Roberto Camargo Campos, marido de Erenice e ex-diretor da Unicel.
Foi acusado de agenciar autorização da Anatel para que a Unicel pudesse operar no mercado da telefonia móvel via rádio.
Caberá a Palocci decidir se abre ou não o processo administrativo.
Afora a "sindicância" de desfecho melancólico, o Erenicegate continua sob investigação da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União.
A julgar pela desenvoltura com que Erenice cumprimentou Dilma na solenidade de troca de comando, nada parece fadado a ir muito longe.
Na fase final da campanha, Dilma dissera, num debate televisivo, que estava “indignada” com os episódios que explodiram ao redor de Erenice.
No discurso inaugural que pronunciou no Congresso antes de abraçar Erenice no Planalto, a nova presidente disse que não contemporizará com a corrupção.
Imperdível: Era Lula jogada no gramado do Arrudão
8 anos de Lula em uma partida de futebol
Íntegra do jogo
Íntegra do jogo
Levanta a cabeça, oposição!
OPOSIÇÃO DEPRIMIDA!
Coluna de sábado, de Cesar Maia, na Folha de S. Paulo de 01/01/2010.
1. Se há uma rotina na política são as crises de bolso que ocorrem nos partidos que perdem as eleições. Em geral, duram o tempo dos partidos entenderem que exacerbar os conflitos pela perda de uma eleição é perder duas vezes. Afinal, as circunstâncias criaram um ambiente eleitoral de difícil superação, pelo crescimento reativo da economia após um ano de recessão, o uso e o abuso de recursos gobbellsianos, o descolamento do presidente de seu próprio governo. Para quem gosta de sofrer, vale lembrar que os problemas ocorreram nos anos anteriores às eleições: em 2005 o mensalão e em 2009 a recessão. Se fosse um ano depois, o quadro poderia ter sido diferente. Mas não foi.
2. É verdade que a oposição cometeu erros, e não foram poucos. Entre eles, ignorar a pré-campanha, não coordenar os Estados, imaginar que uma continuidade do tipo "o Brasil pode mais" seria percebida como alternativa, exaltar a condição de "estadista" do principal adversário, monotematizar a saúde e, finalmente, entrar nos escândalos na lógica da imprensa. Mas com uma campanha sem esses erros, o resultado seria o mesmo. Talvez com uma diferença menor e com um sofrimento maior.
3. E por que a oposição está tão deprimida? Porque supervaloriza a popularidade do presidente e começa a antecipar outra derrota em 2014. Alguns dizem assim: se o governo eleito for bem, vai ganhar, e, se for mal, volta Lula como salvador. Raciocínio que estimula os mais afoitos a correr para a ampla "base aliada". Aí pelos Estados, há cargos disponíveis à vontade.
4. A história política mostra que não há nenhuma razão para supervalorizar a popularidade. Não falo de superpopularidade conjuntural, como a de Sarney durante o Plano Cruzado. Ou Jango, líder popular que sucedeu Getúlio e que perdeu a eleição para senador no Rio Grande do Sul um mês e dez dias depois do suicídio que mobilizou o país. Falo de popularidades estruturais. Clemenceau, chefe de governo francês, líder e mito na Primeira Guerra Mundial, que, um ano depois do encerramento dessa guerra, perdeu a eleição e o governo. E Churchill, chefe de governo na Grã-Bretanha, herói da Segunda Guerra Mundial, a quem o mundo deve tanto. Perdeu a eleição e o governo seis meses depois do fim da guerra.
5. Mitos na política são solúveis em qualquer prazo. Mais ainda quando a popularidade é construída como essas pirâmides financeiras, por meio de derivativos de sabão. Mas os solventes devem vir do próprio processo político, aplicados pela oposição. Claro, uma oposição ativa e otimista, que saia rápido do divã e vá às ruas e aos parlamentos mostrar que, debaixo da pele da propaganda, a osteoporose política avança.
Coluna de sábado, de Cesar Maia, na Folha de S. Paulo de 01/01/2010.
1. Se há uma rotina na política são as crises de bolso que ocorrem nos partidos que perdem as eleições. Em geral, duram o tempo dos partidos entenderem que exacerbar os conflitos pela perda de uma eleição é perder duas vezes. Afinal, as circunstâncias criaram um ambiente eleitoral de difícil superação, pelo crescimento reativo da economia após um ano de recessão, o uso e o abuso de recursos gobbellsianos, o descolamento do presidente de seu próprio governo. Para quem gosta de sofrer, vale lembrar que os problemas ocorreram nos anos anteriores às eleições: em 2005 o mensalão e em 2009 a recessão. Se fosse um ano depois, o quadro poderia ter sido diferente. Mas não foi.
2. É verdade que a oposição cometeu erros, e não foram poucos. Entre eles, ignorar a pré-campanha, não coordenar os Estados, imaginar que uma continuidade do tipo "o Brasil pode mais" seria percebida como alternativa, exaltar a condição de "estadista" do principal adversário, monotematizar a saúde e, finalmente, entrar nos escândalos na lógica da imprensa. Mas com uma campanha sem esses erros, o resultado seria o mesmo. Talvez com uma diferença menor e com um sofrimento maior.
3. E por que a oposição está tão deprimida? Porque supervaloriza a popularidade do presidente e começa a antecipar outra derrota em 2014. Alguns dizem assim: se o governo eleito for bem, vai ganhar, e, se for mal, volta Lula como salvador. Raciocínio que estimula os mais afoitos a correr para a ampla "base aliada". Aí pelos Estados, há cargos disponíveis à vontade.
4. A história política mostra que não há nenhuma razão para supervalorizar a popularidade. Não falo de superpopularidade conjuntural, como a de Sarney durante o Plano Cruzado. Ou Jango, líder popular que sucedeu Getúlio e que perdeu a eleição para senador no Rio Grande do Sul um mês e dez dias depois do suicídio que mobilizou o país. Falo de popularidades estruturais. Clemenceau, chefe de governo francês, líder e mito na Primeira Guerra Mundial, que, um ano depois do encerramento dessa guerra, perdeu a eleição e o governo. E Churchill, chefe de governo na Grã-Bretanha, herói da Segunda Guerra Mundial, a quem o mundo deve tanto. Perdeu a eleição e o governo seis meses depois do fim da guerra.
5. Mitos na política são solúveis em qualquer prazo. Mais ainda quando a popularidade é construída como essas pirâmides financeiras, por meio de derivativos de sabão. Mas os solventes devem vir do próprio processo político, aplicados pela oposição. Claro, uma oposição ativa e otimista, que saia rápido do divã e vá às ruas e aos parlamentos mostrar que, debaixo da pele da propaganda, a osteoporose política avança.
domingo, 2 de janeiro de 2011
Alckmin reverencia tradição tucana
Alckmin faz defesa de Serra e Fernando Henrique
Governador prometeu cobrar de Dilma Rousseff benefícios para SP
Carolina Freitas
“O brilho da sua inteligência, a consistência do seu pensamento e sua enorme capacidade de trabalho fizeram de Serra uma grande liderança nacional”, Geraldo Alckmin
Em seu primeiro discurso após tomar posse como governador de São Paulo, Geraldo Alckmin marcou seu espaço como líder da oposição, enfraquecida depois da derrota nas eleições presidenciais. Alckmin partiu em defesa de dois grandes nomes do PSDB: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador José Serra. Os caciques assistiram à transmissão de cargo no Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista, sentados lado a lado na primeira fileira. Uma imagem de união.
Foi mantida a promessa de colaboração com o governo federal expressa na Carta de Maceio, assinada há poucos dias pelos governadores tucanos. Diante de um público de 2.500 pessoas, porém, Alckmin fez ponderações. “São Paulo é a síntese do trabalho em favor do Brasil e esse será o espírito e o fio condutor do meu governo. Vamos ter com a presidente Dilma a melhor das relações. Vamos colaborar para que o país cresça e ocupe seu devido lugar”, disse. “Mas sem esquecer de reivindicar tudo o que São Paulo precisa do governo federal, lutando por aquilo que é direito do povo paulista.”
As homenagens a Serra e a Fernando Henrique animaram a plateia, que respondeu com longos aplausos e gritos de felicitação. Alckmin disse que falaria sobre Serra “por merecimento” e destacou os feitos do colega no Palácio dos Bandeirantes, de 2006 até o início de 2010, quando deixou o cargo para disputar a Presidência da República.
“O brilho da sua inteligência, a consistência do seu pensamento, sua criatividade e enorme capacidade de trabalho, além do compromisso com a ética, fizeram de Serra uma grande liderança nacional”, disse Alckmin. Sob aplausos, Serra foi aconselhado por Fernando Henrique – que o cochichou no ouvido – a se levantar e acenar para o público. Seguiu a orientação. E as palmas se intensificaram.
Em seguida, foi a vez de saudar FHC. Alckmin relembrou o trabalho do ex-presidente na área econômica e social, com o controle da inflação e as reformas na saúde e na educação. “Nunca é demais ressaltar os méritos do presidente Fernando Henrique Cardoso. Permitam-me. Vamos deixar a modéstia de lado. O presidente Fernando Henrique mudou o Brasil.” Seguiram-se aplausos. Fernando Henrique levantou para acenar à plateia e foi surpreendido por um forte abraço de José Serra.
Alckmin prometeu manter o estilo tucano de governar. Políticos do PSDB estão à frente do estado há 16 anos. Alckmin já chefiou o Palácio dos Bandeirantes por três vezes – em 2001 substituiu Mario Covas e em 2002 e 2010 foi eleito governador. “Não sairemos do rumo, pelo bem do Brasil, unidos com o governo federal, com os demais estados e com os municípios paulistas’, afirmou.
Reclamação – Alberto Goldman, que transmitiu hoje o cargo para Alckmin, criticou o governo federal em seu discurso de despedida. “Nunca tivemos qualquer dificuldade em obter o aval aos empréstimos externos ou outros financiamentos do BNDES e da Caixa Econômica Federal”, afirmou. “Faltou isso sim a participação através do Orçamento-Geral da União, isso é, recursos a fundo perdido para São Paulo.”
Foi mantida a promessa de colaboração com o governo federal expressa na Carta de Maceio, assinada há poucos dias pelos governadores tucanos. Diante de um público de 2.500 pessoas, porém, Alckmin fez ponderações. “São Paulo é a síntese do trabalho em favor do Brasil e esse será o espírito e o fio condutor do meu governo. Vamos ter com a presidente Dilma a melhor das relações. Vamos colaborar para que o país cresça e ocupe seu devido lugar”, disse. “Mas sem esquecer de reivindicar tudo o que São Paulo precisa do governo federal, lutando por aquilo que é direito do povo paulista.”
As homenagens a Serra e a Fernando Henrique animaram a plateia, que respondeu com longos aplausos e gritos de felicitação. Alckmin disse que falaria sobre Serra “por merecimento” e destacou os feitos do colega no Palácio dos Bandeirantes, de 2006 até o início de 2010, quando deixou o cargo para disputar a Presidência da República.
“O brilho da sua inteligência, a consistência do seu pensamento, sua criatividade e enorme capacidade de trabalho, além do compromisso com a ética, fizeram de Serra uma grande liderança nacional”, disse Alckmin. Sob aplausos, Serra foi aconselhado por Fernando Henrique – que o cochichou no ouvido – a se levantar e acenar para o público. Seguiu a orientação. E as palmas se intensificaram.
Em seguida, foi a vez de saudar FHC. Alckmin relembrou o trabalho do ex-presidente na área econômica e social, com o controle da inflação e as reformas na saúde e na educação. “Nunca é demais ressaltar os méritos do presidente Fernando Henrique Cardoso. Permitam-me. Vamos deixar a modéstia de lado. O presidente Fernando Henrique mudou o Brasil.” Seguiram-se aplausos. Fernando Henrique levantou para acenar à plateia e foi surpreendido por um forte abraço de José Serra.
Alckmin prometeu manter o estilo tucano de governar. Políticos do PSDB estão à frente do estado há 16 anos. Alckmin já chefiou o Palácio dos Bandeirantes por três vezes – em 2001 substituiu Mario Covas e em 2002 e 2010 foi eleito governador. “Não sairemos do rumo, pelo bem do Brasil, unidos com o governo federal, com os demais estados e com os municípios paulistas’, afirmou.
Reclamação – Alberto Goldman, que transmitiu hoje o cargo para Alckmin, criticou o governo federal em seu discurso de despedida. “Nunca tivemos qualquer dificuldade em obter o aval aos empréstimos externos ou outros financiamentos do BNDES e da Caixa Econômica Federal”, afirmou. “Faltou isso sim a participação através do Orçamento-Geral da União, isso é, recursos a fundo perdido para São Paulo.”
Goldman despediu-se do Palácio dos Bandeirantes ao entregar para Alckmin o Pavilhão do Governador, uma bandeira com as cores e o brasão do estado. Alckmin e a primeira-dama Lu acompanharam o ex-governador e sua mulher, Deuzeni, até a saída do palácio. Deuzeni entregou a Lu um buquê de flores brancas.
sábado, 1 de janeiro de 2011
Posse de Geraldo Alckmin em SP
Alckmin promete manter estilo tucano de governar
São Paulo - Em uma cerimônia de posse que teve o cronograma encurtado e com discursos sem improvisos, Geraldo Alckmin (PSDB) tomou posse como governador de São Paulo na manhã deste sábado (1º).
A transmissão do cargo teve a presença do candidato derrotado à presidência da República, José Serra e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Alckmin disse que pretende manter as diretrizes administrativas dos seus antecessores, uma vez que, afirmou, a quinta eleição consecutiva de um governado tucano é prova de acerto das administrações.
Um dos poucos momentos em que o novo governador não fez um discurso formal, foi quando homenageou o recém falecido ex-governado Orestes Quércia.
Ao dirigir-se a alguns familiares de Quércia, presentes na primeira parte de sua posse, na Assembleia Legislativa, Alckmin lembrou uma frase atribuída a Tristão de Athayde: "a saudade é presença da ausência."
O cerimonial do Palácio dos Bandeirantes apressou a realização do evento, para que Alckmin pudesse seguir para Brasília, onde acompanhou a cerimônia de posse da presidente Dilma Rousseff.
Lulla perdeu completamemente o senso de realidade! Narciso se retorce...
- 28/12/2010 | 19:52
Lula: tive que provar 'capacidade'
Faltando três dias para o fim de seu governo, o presidente Lula afirmou que teve que mostrar ser capaz de governar "igual ou melhor do que todos os doutores que passaram pela Presidência da República deste país". A declaração foi feita em cerimônia de lançamento da pedra fundamental da fábrica da Fiat no Complexo Portuário de Suape, em Pernambuco. "Nenhum presidente da República teve que provar qualquer coisa neste país, e eu sabia que eu tinha que provar a cada dia", afirmou o presidente.
José Serra na posse de Alckmin
Serra prestigia Alckmin e diz que se manterá ativo na política
01 de janeiro de 2011
- SIMONE SATORI
- Direto de São Paulo
Após o discurso do novo governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), o ex-candidato à Presidência da República, José Serra (PSDB), afirmou que se manterá ativo na política, escrevendo, fazendo palestras e dando aula. "Vou ganhar a vida, trabalhar para viver, mas me manterei ativo na política".
Em relação ao que espera deste ano, Serra disse que 'não tem bola de cristal'. "Entro (2011) com muita disposição, muito ânimo", disse o candidato derrotado por Dilma Rousseff no segundo turno das Eleições de 2010 .
Serra ainda defendeu a cooperação entre os governos estaduais e federal. "As pessoas não querem ver governador brigando com presidente ou prefeito brigando com governador. Eles querem um entrosamento, em função de um interesse público. Este, aliás, é a perspectiva que nós tivemos quando governamos em São Paulo. É o que o Alckmin teve no passado e terá no futuro".
Sobre a questão de ser presidente do PSDB nacional, Serra explicou que este é um assunto que ainda não foi discutido. Perguntado sobre a possível refundação do PSDB, que seria defendida pelo senador Aécio Neves (PSDB), Serra não respondeu e disse que esse é um assunto "para outra hora".
Serra ainda disse ter ficado muito feliz com os aplausos que recebeu após a homenagem que Alckmin fez para ele durante seu discurso e ressaltou que São Paulo irá se desenvolver nas áreas importantes. "Terminamos um governo muito realizado, com São Paulo em ordem, e tenho certeza que o governador Geraldo Alckmin vai dar um impulso ainda maior. São Paulo vai acelerar na saúde, na educação, no desenvolvimento econômico".
José Serra estaria encerrando seu governo de São Paulo neste sábado, se não tivesse desistido para disputar as eleições presidenciais.
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