Ministério Público investigará enriquecimento de Palocci
EFE – sex, 27 de mai de 2011
Brasília, 27 mai (EFE).- O Ministério Público anunciou nesta sexta-feira a abertura de uma investigação sobre os bens do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, cujo patrimônio cresceu 20 vezes nos últimos quatro anos, nos quais foi deputado e consultor.
O ministro está sob fogo cruzado da oposição, que levantou suspeitas de tráfico de influência e exige explicações sobre o dinheiro que Palocci diz ter ganho como consultor de empresas entre 2006 e 2010.
Palocci, que foi ministro da Fazenda durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, é um dos "homens fortes" no gabinete da presidente Dilma Rousseff, que nesta quinta-feira o defendeu e garantiu que não existe irregularidade alguma em suas atividades.
No entanto, o Ministério Público acredita que o caso deve ser investigado, devido ao fato de que o ministro ainda não ofereceu uma explicação à sociedade.
"Embora a imprensa tenha notificado expressivo crescimento patrimonial do representado, não foram apresentadas publicamente justificativas que permitam aferir a compatibilidade dos serviços prestados com vultuosos valores recebidos", diz uma nota emitida nesta sexta-feira pelo procurador da República, Roberto Gurgel.
Segundo a imprensa, durante 2010, quando além de exercer um mandato de deputado coordenava a campanha eleitoral que levou Dilma ao poder, Palocci mantinha a empresa de consultoria Projeto, que abriu em 2006 e que só entre junho e novembro do ano passado faturou cerca de R$ 20 milhões.
A oposição, que pretende abrir uma investigação sobre o caso no Congresso, quer saber, entre outras coisas, quais são as empresas que foram clientes de Palocci, pois suspeita que muitas delas trabalhavam ou trabalham diretamente com o governo.
Porta-vozes da Projeto afirmaram que isso é "impossível", pois em seus contratos são incluídas "cláusulas de confidencialidade" que impedem revelar certas informações, como os nomes dos clientes.
No entanto, a empresa poderia ser obrigada agora a divulgar essa informação ao Ministério Público devido à investigação determinada pelo procurador-geral da República.
Palocci foi ministro da Fazenda do governo Lula de janeiro de 2003 até março de 2006, quando renunciou devido a um escândalo de corrupção pelo qual chegou a ser processado e acabou sendo declarado inocente.
Em uma nota divulgada na semana passada para explicar as atividades de sua empresa, Palocci declarou que a experiência como ministro supunha um valor agregado em seu trabalho de consultoria.
"No mercado de capitais e em outros setores, a passagem por Ministério da Fazenda, BNDES ou Banco Central proporciona uma experiência única que dá enorme valor a estes profissionais", indicou Palocci, que garantiu que sua empresa não funciona como consultoria desde o final de 2010 e que agora se dedica apenas a administrar seus bens.